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Soja/Bolsa de Rosário: Argentina mantém ritmo forte de comercialização após fim de tarifas

6 de outubro de 2025

Por Gabriel Azevedo

São Paulo, 06/10/2025 – A Argentina mantém ritmo acelerado de comercialização interna de soja mesmo após o fim da suspensão temporária das tarifas de exportação no mês passado, com negócios diários entre 250 mil e 400 mil toneladas, ante média anterior de 100 mil toneladas por dia. Em setembro, o governo argentino suspendeu temporariamente as tarifas de exportação, conhecidas como “retenciones”, para estimular vendas dos produtores. Os preços estão em torno de US$ 350 por tonelada, cerca de US$ 10 abaixo do pico registrado durante a suspensão, mas ainda 20% acima dos níveis anteriores. As informações constam de análise divulgada nesta segunda-feira pela Bolsa de Comércio de Rosário (BCR).

O economista da BCR, Matías Contardi, afirmou que a demanda chinesa tem sido o principal fator de sustentação este ano. Segundo ele, as exportações argentinas de soja em grão somam 7,2 milhões de toneladas, maior volume em nove anos, com aproximadamente 6,4 milhões de toneladas destinadas à China. Ainda de acordo com Contardi, só em outubro as exportações de soja podem alcançar 2 milhões de toneladas. “A guerra comercial entre Estados Unidos e China nos abriu espaço para vender o que os americanos deixaram de vender”, disse.

Somando o grão aos derivados (óleo e farelo), Contardi estimou um equivalente de 27 milhões de toneladas em exportações, o maior nível em cinco anos.

Segundo Contardi, os Estados Unidos não venderam soja à China neste ciclo até o momento, embora entre outubro e janeiro normalmente embarquem 77% do total destinado ao mercado chinês nesse período. O presidente Donald Trump afirmou em sua rede social que deve se reunir com Xi Jinping na Coreia do Sul em três semanas, com a soja entre os temas. “O mercado está cético. Cada dia sem acordo é uma tonelada a menos que os Estados Unidos vendem para a China”, disse.

No trigo, a Argentina registrou bimestre recorde em exportações entre agosto e setembro, com cerca de 1,6 milhão de toneladas embarcadas. Conforme a BCR, os preços competitivos do trigo argentino ficaram equivalentes aos de Rússia, Alemanha e França, o que abriu espaço em destinos como o norte da África, mercado normalmente dominado por exportadores do Hemisfério Norte.

“Nos últimos 17 anos, em 12 ocasiões a Argentina não exportou nenhuma tonelada de trigo ao continente africano entre junho e setembro. Este ano exportamos, e isso é importante porque permite reduzir estoques e evitar o acúmulo de produto para a nova safra”, disse Contardi. Com as exportações elevadas, a BCR estima um estoque de passagem de apenas 600 mil toneladas de trigo, bem menos que os 2 milhões previstos inicialmente.

Contato: gabriel.azevedo@estadao.com

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