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Exclusivo/AWS/Beau Schilz: energia eólica e solar são estratégicas para data centers

26 de setembro de 2025

Por Aramis Merki II

Apesar de o Brasil ter uma matriz energética amplamente renovável, a forte dependência da energia hidrelétrica pode ser um ponto de atenção ao País, que busca ser um polo global em processamento de dados em data centers. De acordo com Beau Schilz, diretor de recursos hídricos da Amazon Web Services (AWS), a matriz hidrelétrica pode estar vulnerável a variações climáticas, como períodos de seca, que podem comprometer a segurança energética e a disponibilidade de água para outros usos.

“Diversificar a matriz de energia renovável com alternativas de baixo uso de água, como a eólica e a solar, é um passo estratégico rumo a uma gestão mais sustentável da água e da energia”, disse Schilz à Broadcast.

A Amazon anunciou em 2023 dois projetos de energia renovável no Brasil. Um parque eólico, que terá capacidade de 49,5 megawatts (MW) quando pronto, e uma usina solar de 122 MW. Além disso, a empresa informa que já investiu US$ 3,8 bilhões na região da América do Sul desde 2011.

Ainda assim, o executivo destaca que o Brasil – com cerca de 12% do suprimento mundial de água doce – é um local promissor para a infraestrutura de data centers. Outros fatores que ele indica como críticos para a escolha de um local para data centers são infraestrutura de energia, condições climáticas, conectividade e objetivos de sustentabilidade de longo prazo.

Na quinta-feira, 25, a AWS lançou em Nova York o Centro de Excelência Water-AI Nexus, que visa desenvolver infraestruturas de inteligência artificial sustentáveis e utilizar seu potencial para lidar com a crise hídrica global. Fazem parte da iniciativa instituições como Water Environment Federation (WEF), Water Center at the University of Pennsylvania (WCP) e a Leading Utilities of the World, que reúne as principais concessionárias de água e esgoto do mundo.

O objetivo é a criação de diretrizes para o uso responsável da água no setor de IA. Serão realizados projetos para garantir uso de água de forma eficiente na indústria, assim como iniciativas que usem IA para gerir melhor os recursos hídricos.

A AWS informa que ferramentas de análise de dados e inteligência artificial podem ajudar na eficiência das infraestruturas hídricas. Isto inclui a detecção de vazamentos e a operação de estações de tratamento. Além disso, a tecnologia pode ser aliada para melhorar a gestão hídrica. Como exemplo, a AWS tem parceria com a startup brasileira Kilimo para monitoramento do uso de água em irrigação no interior de São Paulo.

Schilz aponta que a “pegada hídrica” da indústria de data centers é relativamente pequena, menos de 0,5% do uso industrial total de água, segundo a Bluefield Research. “Ainda que seja menor do que a de muitos outros setores, reconhecemos que a trajetória de crescimento da IA exige uma gestão proativa dos recursos hídricos.” Por parte da AWS, os padrões para uso responsável envolvem decisões estratégicas, como a definição dos locais de data centers e as escolhas de tecnologia de resfriamento dos sistemas.

O uso de água para resfriamento reduz o consumo de energia nos data centers. Além de trazer economia em um dos principais gastos desta indústria, o resfriamento é essencial para o bom funcionamento dos processadores. Segundo Schilz, a empresa tem buscado soluções e já opera locais que não usam água por até 95% do ano. A métrica global de eficiência no uso da água da AWS é de 0,15 litros de água por quilowatt-hora. O índice teve uma melhora de 40% desde 2021, de acordo com o executivo.

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