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Plano Clima: CNA pede revisão quanto à metodologia do Plano Setorial de Agricultura e Pecuária

26 de setembro de 2025

Por Isadora Duarte

Brasília, 26/09/2025 – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defende a revisão na metodologia no Plano Nacional de Mitigação do Setor Agropecuário no âmbito do Plano Clima. O pedido da confederação, bem como de demais entidades do agronegócio, é por alterações na proposta inicial apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente. “Externamos ao governo a preocupação do setor do agro com a versão inicial lançada pelo Plano Clima, que traz algumas questões que deixam preocupações quanto à criação de determinadas condições que limitarão o desenvolvimento do agro brasileiro”, disse o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente e também vice-presidente da CNA, Muni Lourenço, a jornalistas.

De acordo com Lourenço, as propostas da CNA já foram apresentadas ao governo. “Esperamos que essas propostas sejam efetivamente aceitas e acatadas pelo governo brasileiro em relação ao Plano Clima e que não haja nenhum tipo de açodamento de lançar um Plano Clima que porventura, não contemplo, uma oitiva ampla junto aos setores produtivos como o agro”, afirmou Lourenço.

O Plano Clima é uma política pública que estabelece estratégias para o cumprimento das metas nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa. A proposta apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima quanto ao Plano Setorial de Agricultura e Pecuária ligado à Estratégia Nacional de Mitigação do Plano Clima desagradou a setores do agronegócio.

Na proposta, as emissões de gases ligados ao efeito estufa provenientes do desmatamento em propriedades rurais, áreas quilombolas e assentamentos da reforma agrária são alocadas nas emissões setoriais da agropecuária. Com isso, o setor passa de segundo para primeiro principal emissor de gases poluentes no país, responsável por 70% das emissões. O agronegócio pede a revisão da metodologia de alocações de emissões setoriais por considerar que a gestão do desmatamento é de responsabilidade do governo, o que é apoiado pelo Ministério da Agricultura. Também são atribuídas ao setor agropecuário as emissões e remoções ligadas à queima de combustíveis fósseis. O texto exige que a agropecuária reduza em 36% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e em 54% até 2035.O MMA e a Casa Civil já sinalizaram que podem ajustar a proposta apresentada em consulta pública.

Um dos principais pontos de discordância entre as entidades do agronegócio quanto ao Plano Clima é sobre a alocação das emissões dos gases do efeito estufa atreladas ao desmatamento no balanço de emissões do setor agropecuário. Pela proposta apresentada pelo governo, 70% das emissões do desmatamento são atribuídas ao setor agropecuário. “A sistemática de contabilização do desmatamento é um ponto de preocupação, principalmente por uma sistemática de critério que contabiliza o desmatamento que não é do setor privado e isso pode trazer danos à imagem do setor como um todo, inclusive na COP30”, observou Lourenço.

A CNA avalia que a realocação de emissões do desmatamento ao agronegócio afeta o setor no curto prazo por apresentar a agropecuária na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) como maior emissor de gases de efeito estufa do País com danos à imagem do segmento e atribuir a responsabilidade do desmatamento ilegal ao produtor rural. E no médio prazo, o impacto deve-se ao fato de a ambição climática prever zerar o desmatamento ilegal até 2035, sem distinguir legal e ilegal, o que faria com que todo desmatamento legal ou ilegal após a data fosse atribuída a sua responsabilidade ao agronegócio.

O agronegócio também questiona a ausência de algumas práticas do setor no cômputo da remoção das emissões de gases ligados ao efeito estufa, como o uso de bioinsumos, adoção das tecnologias do Plano de Agricultura de Baixo Carbono ABC+ (hoje Renovagro), sequestro de carbono por reservas legais e áreas de preservação permanente, recuperação de pastagens degradadas e adoção de duas ou três safras por área. Outro ponto defendido pela entidade é que os setores que terão que cumprir as metas (Contribuições Nacionalmente Determinadas, as NDCs) sejam ouvidos e tenham condições para o cumprimento das metas.

Contato: isadora.duarte@estadao.com

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