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Itaú/Milton Maluhy: BNDES tem o papel de complementar financiamento via equity

24 de setembro de 2025

Por Juliana Garçon e Gabriela da Cunha

Rio, 24/09/2025 – O CEO do Itaú, Milton Maluhy, destacou hoje que o financiamento de longo prazo no Brasil passa por um rearranjo de forças e papéis importante nos últimos anos. Em sua avaliação, o cenário atual demonstra a importância de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atuar em equity. “O BNDES tem o papel de complementar o financiamento, não só via renda fixa, mas também equity em setores e empresas que, de fato, precisam de apoio”, comentou.

Para ele, o principal entrave ao avanço do capital de risco no País é o elevado custo de capital, determinado tanto pelo nível da Selic quanto, sobretudo, por questões institucionais e de segurança jurídica.

“Quando a Selic entrar em trajetória de queda e avançarmos no ambiente institucional e jurídico, conseguiremos trazer o custo de equity para um patamar mais baixo e ampliar o investimento”, afirmou durante participação no evento “Diálogos com o mercado: a retomada dos investimentos e o papel do BNDES no mercado de capitais”, na sede do banco de fomento, no centro do Rio.

Ao comentar que, até 2015, a ideia vigente era de que o investimento de longo prazo “era quase que exclusividade do BNDES”, Maluhy destacou que o recuo no ritmo de desembolsos forçou uma rápida sofisticação do mercado de capitais, que hoje já representa 33% do funding corporativo frente a 9% naquele ano.

“Nas principais economias do mundo, um mercado de capitais ultradesenvolvido é fundamental para complementar a oferta de recursos”, apontou.

Apesar do avanço privado, o BNDES continua imprescindível em agendas como as de infraestrutura, energia e descarbonização, áreas em que o risco afugenta parte dos financiadores tradicionais, de acordo com Maluhy. Operações como a da CCR foram citadas como exemplo de participação decisiva do banco quando “o mercado não consegue absorver a totalidade da demanda”.

Ao defender um ecossistema em que bancos comerciais, investidores institucionais e o banco público atuem de forma coordenada, Maluhy enfatizou a função do BNDES em fomentar liquidez também no mercado secundário. A estratégia de reciclar participações em empresas que atingem maior maturidade, liberando espaço para novos projetos, é vista como o próximo passo.

Contato: juliana.garcon@estadao.com; gabriela.cunha@estadao.com

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