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Brasileiros não veem o plástico como vilão ambiental

22 de setembro de 2025

Investir em conscientização e políticas públicas a favor da reciclagem é crucial, revela pesquisa do Sindiplast.

O plástico, amplamente presente nas embalagens do dia a dia, é um dos temas centrais quando se fala em sustentabilidade. Mesmo sendo um dos materiais mais recicláveis e de menor impacto ambiental (consome pouca água, pode ser usado e reutilizado diversas vezes, além de ser o que menos emite dióxido de carbono, CO², para a atmosfera), o plástico ainda enfrenta obstáculos para que seu reaproveitamento ocorra em larga escala no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo (Sindiplast) buscou entender como a população percebe o material e sua relação com o meio ambiente.

O levantamento, que ouviu duas mil pessoas em todas as regiões do país, revela que 93% dos brasileiros entendem que o problema não está no uso do plástico, mas no descarte inadequado. Para 9% dos entrevistados, falta informação sobre como descartar ou reciclar corretamente. Outro ponto recorrente nas respostas foi a deficiência da coleta seletiva, apontada como um dos principais entraves para ampliar a reciclagem. Entre os respondentes, 81% afirmam evitar gerar lixo.

Segundo Paulo Teixeira, diretor-superintendente do Sindiplast, os dados mostram que “o plástico não é vilão” e que a sociedade está disposta a participar das soluções. Ele destaca, porém, que ainda é necessário investir em comunicação e na implementação efetiva de políticas públicas municipais para a gestão dos resíduos sólidos.

“A coleta seletiva é fundamental, mas não é o único caminho. Os Pontos de entrega voluntária, PEV, também podem ser usados, desde que o cidadão saiba onde encontrá-los”, afirma Teixeira.

Para ele, falta integração entre o poder público, a indústria e o consumidor para que os resíduos retornem ao processo produtivo e alimentem a economia circular. O diretor avalia que o desafio é cultural e logístico: “O brasileiro já entende a importância de reduzir o lixo e reconhece que o plástico está em todos os lugares. Se quisermos conviver com ele de forma sustentável, precisamos mudar a maneira como lidamos com o resíduo, garantindo que volte para a cadeia produtiva.”

Os dados da pesquisa revelam que o plástico, material presente na maioria das embalagens, aparece como o item mais reciclado no país: 90% dos que praticam a reciclagem afirmam separar o plástico do restante do lixo. O levantamento do Sindiplast também mostra que a preocupação com a sustentabilidade já faz parte do cotidiano de grande parte da população.

Segundo o estudo, 68% dos entrevistados reutilizam ou reaproveitam embalagens e 56% compram produtos vendidos em embalagens com conteúdo reciclado. No entanto, a falta de informação (28%) e de opções de coleta seletiva (17%) aparecem como as principais barreiras para ampliar hábitos sustentáveis, seguidas pela falta de tempo (9%). Os dados sublinham a importância crucial da informação e de campanhas de conscientização na promoção de mudanças comportamentais em relação à sustentabilidade, ratifica Teixeira.

Consenso sobre a importância do plástico

O benefício das embalagens plásticas também foi evidenciado na pesquisa: metade dos entrevistados diz que o plástico ajuda a preservar a qualidade dos alimentos, evitando desperdício. Além disso, 61% concordam que é impossível evitar o uso de embalagens plásticas no dia a dia.

“O plástico é muito mais do que um material leve e resistente. Ele permite conservar alimentos por mais tempo, reduzindo desperdícios, e diminui o consumo de energia e a emissão de CO² no transporte. Na saúde, é essencial em seringas, cateteres e embalagens esterilizadas, garantindo segurança e acesso a procedimentos médicos. Além disso, quando reciclado, prolonga seu ciclo de vida, evita descarte em aterros e contribui para a economia circular. O problema não está no material, mas no descarte inadequado”, afirma Teixeira.

A pesquisa mostra que o plástico é o material mais reconhecido pelos brasileiros na reciclagem, citado por 90% dos entrevistados. Em seguida aparecem o alumínio (73%), o papel, o papelão e o vidro (68% cada). Apesar disso, o conhecimento sobre o plástico ainda é limitado: apenas 6% demonstraram alto grau de compreensão sobre o tema, enquanto 50% têm entendimento intermediário e 43% baixo nível de informação.

Quando o foco é a reciclagem de embalagens plásticas, a principal barreira é a falta de coleta seletiva na região onde vivem (35%), seguida pelo esquecimento ou ausência de hábito (29%) e pela insuficiência de informações (29%). Para a maioria dos brasileiros (79%), a responsabilidade pela coleta de embalagens plásticas é das prefeituras. A população (47%) e os governos estaduais (27%) também foram citados como responsáveis.

Teixeira avalia que, embora a consciência ambiental esteja em crescimento, ainda é preciso avançar. “O desenvolvimento de estratégias mais eficazes de conscientização ambiental, aliado a políticas públicas e ao engajamento da população para as questões da sustentabilidade e da economia circular do plástico, é fundamental para progredirmos”, afirma o executivo do Sindiplast.

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