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Equador Investimentos/Velho: eventuais novas sanções dos EUA não devem afetar preços de ativos

12 de setembro de 2025

Por Francisco Carlos de Assis

São Paulo, 12/09/2025 – Qualquer nova sanção que o governo norte-americano eventualmente vier a adotar contra o Brasil em resposta à condenação de Jair Bolsonaro não deverá afetar a parte comercial e os ativos financeiros domésticos. A avaliação é do sócio e estrategista da Equador Investimentos, Eduardo Velho. Ontem, anunciada a pena de 27 anos e três meses de prisão para o ex-presidente, o secretário de Estados americano, Marco Rubio, foi à sua conta no X e postou que “os EUA responderão adequadamente a essa caça às bruxas”.

Para Velho, se a Casa Branca vier a impor mais alguma sanção, essa deverá ter como alvo membros do campo político e judiciário, afetando ministros e seus familiares, e não a área comercial.
“Eu acho difícil mais alguma sanção na parte comercial. O que os EUA poderiam fazer? Tirar algumas exclusões que deram para aquela lista de produtos? Eu acho difícil porque ali tem alguns produtos que eles não têm capacidade de produzir. Por exemplo, peças e partes de algumas aeronaves da Embraer. Não tem como eles voltarem atrás na isenção da Embraer”, pondera o estrategista da Equador Investimentos, que afirma não estar vendo, por ora, nenhum impacto na economia ou nos preços dos ativos.

“Vamos supor que venha uma sanção que possa gerar uma pressãozinha no dólar momentaneamente. Não é uma a tendência atual. Na verdade, o que esta acontecendo agora é que o mercado não quer ficar comprado em dólar. Pelo contrário, lá fora houve um reposicionamento de portfólio, uma mudança estrutural de dólar para outras moedas e também para o ouro. E aqui no Brasil a correlação ficou clara, o dólar caiu lá um pouco mais de 10% no ano e aqui caiu em torno de 12% a 13%, e continua caindo no ano”, observou Velho.

Para ele, o dólar seguiu exatamente essa tendência e não é porque a economia brasileira está muito boa. “O fiscal está ruim, mas ninguém está piorando a situação por causa do fiscal mesmo com a dívida pública crescendo mais de um 1 ponto porcentual do PIB. Na última divulgação em relação ao mês anterior, o mercado não deu a mínima para isso. O dólar subiu só 0,3 ponto no dia”, afirmou Velho.

E, de acordo com ele, mesmo que venha alguma medida do governo americano que eventualmente afete o dólar, o Banco Central, pela posição cambial que tem hoje, vai mitigar o impacto. “Me refiro à posição cambial líquida do BC, de US$ 245 bilhões [dado de agosto]. Se, hipoteticamente, tiver algum impacto sobre o dólar, o BC vai entrar no mercado, como já fez em momentos disfuncionais do câmbio”, considerou Velho para reforçar sua tese de que os ativos não deverão ser impactados por eventuais novas sanções dos EUA contra o Brasil.

Contato: francisco.assis@estadao.com

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