Por Iander Porcella, do Estadão
O governo Lula comemorou a repercussão do uso de uma bandeira gigante dos Estados Unidos no protesto de bolsonaristas na Avenida Paulista, em São Paulo, neste 7 de Setembro. Auxiliares do presidente da República relataram à Coluna do Estadão que o episódio virou piada nos corredores do Palácio do Planalto. “Parece até que foi ideia do Sidônio”, brincou um ministro, em referência ao chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira.
A vinculação dos atos da oposição aos EUA se encaixa na intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de obter dividendos políticos com a defesa da soberania. A estratégia de adotar um discurso nacionalista que há anos é mote da direita foi elaborada por Sidônio após o presidente americano, Donald Trump, anunciar o tarifaço contra as importações brasileiras e tentar interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
O assunto causou divisão no próprio bolsonarismo. Organizador do ato na Paulista, o pastor Silas Malafaia critica o uso da bandeira. “Nos próximos eventos que eu coordenar, eu quero ver se vão entender bandeira americana. Claro que não sou a favor”, disse à Coluna. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por outro lado, elogiou o símbolo americano. “Imagens de drone hoje, dia da independência do Brasil, em mais um protesto pró liberdade e contra Alexandre de Moraes. Grande bandeira dos EUA pode ser vista em agradecimento ao Presidente”, escreveu nas redes sociais.
Os atos bolsonaristas deste domingo, 7, tiveram como foco o perdão aos condenados por invadir os prédios dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e a Bolsonaro, que está sendo julgado pelo Supremo por tentativa de golpe. A pressão pela anistia cresceu na semana passada com a entrada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na articulação – ele é o principal cotado para substituir o ex-presidente como candidato ao Planalto em 2026.
