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28/09/2018 16:56

Gestores de redes de educação de municípios paulistas conhecem novo modelo de ensino


São Paulo--(DINO - 28 set, 2018) - Mais de 30 gestores responsáveis pelas redes de ensino de nove municípios paulistas participaram, no último dia 26, de um tipo diferente de aula. A fim de que os educadores vivenciassem uma forma nova de aprendizagem, eles foram orientados a executarem todas as etapas de pequenos e simples projetos que envolviam lâmpadas de led, desde sua concepção e confecção de cada componente até sua montagem final. No processo, familiarizaram-se com tecnologias, desde mecânicas a eletrônicas, assimilando conhecimento por meio de uma atividade prática.A iniciativa, realizada pela Fundação FAT em parceria com o Mundo Maker, visava apresentar novos processos aprendizagem a fim de que os programas do ensino fundamental sejam adequados às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em maio e que norteará os programas educacionais para o ensino fundamental a partir do próximo ano em todo o país. "A proposta principal da BNCC é fazer com que o aluno saiba como aplicar o conhecimento que recebe em sala de aula. Ao invés de despejar conteúdo no estudante, o ensino deverá fazer com que ele associe o saber do fazer", explica o consultor da Fundação FAT em Políticas Públicas voltadas à Educação, Francisco Borges.Segundo o especialista, a proposta do evento foi fazer com que os gestores participassem de uma modalidade de aprendizagem diferente, que valoriza a experiência como meio de assimilação de conhecimento. "A BNCC traz o aluno para o centro do processo educativo. Aqui, os gestores puderam vivenciar esta experiência, executando projetos que proporcionaram conhecimento por meio de uma aplicação prática", diz. "O espaço proporcionou uma experiência nova a esses gestores que, tão acostumados a discutirem planos pedagógicos em gabinetes e auditórios, puderem vivenciar o processo de aprendizagem em um local totalmente novo", observa.O local escolhido para o evento, a unidade Shopping Morumbi Town do Mundo Marker, possui, de acordo com Borges, as características ideais para este novo modelo de aprendizagem. Dotado de ferramentas de diversos tipos, equipamentos - de cortadora a laser a impressora 3D - e componentes diversos necessários para a execução de variados tipos de projetos - pregos, parafusos, canos de PVC, tábuas de MDF e outros -, o Mundo Maker é uma iniciativa que visa proporcionar o contato manual do estudante com diversos tipos de tecnologias, desde as mais simples às mais tecnológicas, a fim de dar significado ao processo de aprendizagem."Objetos virtuais carecem de significado. As crianças são habituadas a eles porque este é o modelo de mundo que lhes oferecemos. Basta elas terem contato com objetos físicos ou projetos eletrônicos ou mecânicos que elas assimilam. As crianças são abertas ao que lhes é oferecido. Basta dar um recurso diferente que elas se apaixonam", diz Orlando Lobosco, cofundador do Mundo Maker. A iniciativa, criada em 2015, possui quatro unidades em São Paulo e atua como parceira em três escolas que aplicam seu programa em espaços próprios em diversos níveis do ensino fundamental.Borges destaca que cada município pode possuir um espaço voltado a este tipo de aprendizagem. "Já existem projetos muito parecidos que contam com o apoio da iniciativa privada. Não são exatamente como este, mas são espaços estruturados que surgem da realidade de cada município", diz. Segundo o especialista, parcerias com Instituições de Ensino Superior podem proporcionar às redes municipais equipamentos para esse tipo de instalação."Talvez uma impressora 3D não seja necessária para alguns projetos, mas existem faculdades, universidade e centros universitários que produzem este tipo de equipamento e que os fornecem gratuitamente quando são baseadas em um projeto pedagógico", afirma Borges, que ressaltou que a Fundação FAT pode contribuir para que os municípios busquem este tipo de fomento. "A entidade pode ajudar as prefeituras a obterem recursos para a implantação desses projetos. Quem atua em educação, sabe o quanto uma escola técnica muda a realidade de um município", acrescenta.O secretário de Educação de Gália, Antúlio José de Azevedo, que atua há mais de 50 anos em educação, ressalta a experiência vivida no evento como exemplar. "É uma forma de garantir o protagonismo do aluno. No momento em que ele está realizando um projeto, ele sente prazer em aprender", afirma. "Rubem Alves dizia que o professor bom é o que não ensina nada. O professor tem de ser o professor de desafios, de dialética, do criar, do estímulo ao aluno", diz citando um dos mais importantes pedagogos do país, falecido em 2014. Porém, segundo o secretário, o modelo atual de ensino, está muito distante desta concepção."A gente observa que, após 17 anos, o aluno conclui a educação fundamental sem conseguir resolver os problemas mais simples do dia a dia. Isso acontece porque a escola não ensinou como desenvolver competências. Limitou-se a transmitir conhecimento. É necessário um novo pensar, voltado justamente ao desenvolvimento de competências." diz.Francisco Borges destacou que a BNCC traz apenas as diretrizes para a constituição do currículo de cada rede e para a formulação dos planos de projetos pedagógicos das escolas. "Municípios têm características distintas e as escolas, suas identidades próprias, o que deve ser respeitado nas propostas de cada instituição. O BNCC é a base que dá rumo para onde a gente quer chegar. Indica os objetivos, mas não como eles serão atingidos. Isso deve ser previsto na proposta pedagógica de cada gestão. Nossa intenção é que a experiência vivida neste evento faça os gestores contemplarem novos modelos de aprendizagem, que despertem uma nova forma de pensar a tecnologia, desde as mais manuais às mais tecnológicas. O professor deve proporcionar a descoberta ao aluno e não apenas despejar-lhe conhecimento", conclui.

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