Política
20/01/2022 12:15

Lider do governo defende acordo entre sindicatos para reajuste salarial só a policiais


Por Iander Porcella e Eduardo Rodrigues

Brasília, 20/01/2022 - Diante do impasse sobre a promessa do presidente Jair Bolsonaro de dar reajuste salarial a servidores públicos, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou ao Broadcast Político que não há dinheiro no Orçamento de 2022 para conceder aumento de remuneração a outras categorias além da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Departamento Penitenciário Nacional (Depen), os únicos três grupos para quem o presidente Jair Bolsonaro disse ser possível "fazer justiça". O deputado afirmou, contudo, que os sindicatos precisam chegar a um acordo entre si para evitar uma greve no funcionalismo.

"Não há possibilidade [de dar reajuste] para todos", declarou Barros. "O que precisa é que os que poderiam ser beneficiados [policiais federais] se entendam com os outros sindicatos para entender que houve um trabalho deles, colocaram no Orçamento, se esforçaram para conseguir, e os outros que trabalhem no futuro as suas categorias. Se for para uns ganharem e outros reclamarem, a probabilidade é não ter para ninguém", acrescentou.

Diante da mobilização de categorias que ficaram de fora da promessa de reajuste salarial feita por Bolsonaro, com entrega de cargos e até ameaça de greve, o líder do governo na Câmara defendeu que a articulação depende do entendimento dos sindicatos. "Se não houver acordo entre eles, fica difícil resolver o problema."

A um dia do encerramento do prazo para a sanção do Orçamento deste ano, Barros ressaltou que a decisão depende de Bolsonaro, do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. "A solução não está em uma pessoa, depende de vários atores. Tem que ter paciência, ver como evolui", disse.

Já o Ministério da Economia entende que já fez os alertas necessários ao Planalto sobre o tema - recomendando inclusive que não haja reajuste algum neste ano - e a partir de agora apenas espera a decisão final de Bolsonaro. De acordo com uma fonte da equipe econômica, não cabe à pasta sugerir ou indicar as categorias que devem ou não ser atendidas dentro do espaço de R$ 1,7 bilhão reservado no orçamento deste ano para reestruturações de carreiras.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a se reunir com representantes dos servidores da Receita Federal na semana passada, mas não sinalizou nenhuma perspectiva de correção salarial para as categorias ligadas à pasta.

Nesta quarta-feira, 20, Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a concessão de reajustes ao funcionalismo. "Reconheço o trabalho dos servidores, que eles merecem um reajuste. Não tem folga no Orçamento para o corrente ano", afirmou o presidente, em entrevista à Rádio Jovem Pan.

"Estamos aguardando o desenlace das ações. Ou seja, a gente pode fazer justiça com três categorias, não vai fazer justiça com as demais, sei disso, mas fica aquela velha pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?", questionou Bolsonaro, em referência à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal e ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) como sendo os grupos a serem contemplados, segundo explicou Barros.

Contatos: iander.porcella@estadao.com e eduardor.ferreira@estadao.com
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