Política
09/08/2022 14:56

Eleições 2022: Renda baixa faz idosos com mais de 70 anos revalidarem título, diz especialista


Por Izael Pereira

Brasília, 09/08/2022 - A perda no poder de compra e os reajuste das aposentadorias abaixo da inflação são alguns dos fatores que levaram pessoas com mais de 70 a revalidarem os títulos para poder votar nas eleições gerais deste ano. A avaliação é do estrategista político da Base.Lab, Paulo Loiola.

“Majoritariamente pessoas que frequentam o supermercado são pessoas mais idosas, que a revisão dos valores das aposentadorias não acompanhou nem de perto o valor da inflação. Essas pessoas perderam o poder de compra real e não estão no mercado de trabalho para fazer o que os de 25 a 40 anos fazem, que é conseguir um trabalho a mais, um bico, ou até mudar de emprego, abrir o próprio negócio”, disse ao Broadcast Política.

Conforme dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira (5), o número de eleitores com mais de 70 anos, que possuem opção facultativa ao voto, passou de 12 milhões em 2018 para mais de 14,8 milhões em 2022, representando crescimento de quase 24%.

Para Loiola, além da perda na renda, é preciso observar outros fatores como o fato de o País estar num momento de grande discussão política. “A gente tem duas candidaturas majoritárias a presidente que mexem demais com a emoção do povo. Tem um grau de certeza sobre o voto que é histórico para democracia brasileira nessa altura do pleito.” O especialista lembra que as pessoas com mais de 70 anos, de maneira geral, já se aposentaram e “isso acaba impactando essa percepção em função desse conjunto de questões".

O estrategista destaca que o número de idosos nos últimos anos que adentraram no meio digital deve ser considerado, principalmente aqueles que usam o WhatsApp e o Facebook, “nos quais circula muito a mensagem política". "Acho que esses fatores, somados com o atual ambiente de disputa entre os dois principais candidatos, Lula e Bolsonaro, para mim explicam um pouco dessa questão [volta do eleitorado com mais de 70 para votar]”, defende.

A memória dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato nas eleições deste ano, foi um dos fatores determinantes para que esse eleitorado decidisse revalidar o título para poder votar em outubro, ponderou. Essa lembrança, segundo ele, explica o porquê de o ex-presidente liderar “disparado” nessa faixa.

“A maior vantagem que ele tem sobre Jair Bolsonaro é na faixa de 60 anos ou mais, é uma vantagem de 19%. Enquanto na faixa de 41 a 59 tem uma distância de 10%. Na faixa de 20 e 25 a 40 anos, Bolsonaro está na frente, com 4%. Os jovens são uma grande força do ex-presidente Lula, que tem (uma vantagem de) 13%. Hoje não é um público que não só rejeita muito o Bolsonaro, mas também vota muito mais em Lula do que em Bolsonaro”, pontua.

“São pessoas que majoritariamente viveram no auge do governo Lula. Então tem um recall. Por exemplo, nessa faixa que Bolsonaro vai melhor, de 30 anos, quando o ex-presidente Lula foi eleito, tinham 10 anos de idade, eram crianças. Já aqueles que têm 60 anos ou mais estavam aí no auge de sua capacidade laboral, viveram um Brasil de pleno emprego, de gasolina barata, de todo mundo viajando. Essa memória positiva faz muito bem hoje para o Lula e de fato penaliza o governo Bolsonaro”, completa o estrategista.

Pesquisa FSB/BTG, divulgada nesta segunda-feira, 8, mostra que 69% dos eleitores com mais de 60 anos consideram o governo do atual chefe do executivo ruim.

Contato: izael.silva@estadao.com

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