Política
19/07/2017 15:36

CFM anuncia que irá à Justiça para melhora de atendimento no SUS


Brasília, 19/07/2017 - O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou nesta quarta-feira, 19, que recorrerá à Justiça e a fóruns internacionais contra as más condições de atendimento e o abandono no Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa ocorre seis dias depois de o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmar que médicos deveriam parar de fingir que trabalham. "Não queremos retratação, mas uma solução para a Saúde", afirmou o presidente do CFM, Carlos Vital, horas antes de se encontrar com Barros.

Na reunião, representantes do conselho federal entregaram a Barros um relatório que aponta falhas na assistência. As dificuldades vão desde falta de sanitários para deficientes até ausência de equipamentos considerados indispensáveis para o atendimento, como estetoscópio.

De acordo com o CFM, foram encontradas irregularidades em mais da metade das 2.936 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) fiscalizadas entre 2015 e 2017. "Não são os médicos que não querem trabalhar. São os médicos que não têm estrutura para exercer a sua profissão. Por isso, estamos indo à Justiça", disse Vital.

Ao receber as várias caixas com o relatório no prédio do ministério, o ministro da Saúde se comprometeu a analisar o material, mas adiantou que isso foge à competência da pasta. A atribuição, disse, é de governos de Estados e prefeituras. "Vamos sensibilizar o gestor local para fazer a correção."

Barros voltou a dizer que a maior obstáculo do SUS está na gestão dos recursos e confirmou a intenção de universalizar o controle de frequência de profissionais de Medicina nos postos de trabalho a partir da biometria. Segundo ele, a fala foi tirada do contexto. "Usei uma figura de linguagem", justificou.

Mesmo assim, Barros reforçou ser uma cobrança justa exigir a permanência do médico no local de trabalho, algo que, conforme ele, não é cumprido por vários profissionais. "São 878 notificações contra gestores dizendo que profissionais não estão comparecendo ao horário de trabalho contratado." O ministro argumenta que, se médicos estivessem presentes nas 40 mil UBSs, 80% dos empecilhos na atenção básica poderiam ser resolvidos. "Sem a presença do médico, isso não é possível", completou.

O presidente do CFM reconhece que nem todos os médicos cumprem a jornada de trabalho. "Mas são exceções que confirmam a regra", disse. O levantamento do Conselho de Medicina não traz dados sobre ausência de profissionais no local de serviço. (Lígia Formenti)
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