Economia & Mercados
24/09/2021 10:39

Great Wall prevê produção de carros no Brasil a partir de 2023


Por Francisco Carlos de Assis e Eduardo Laguna

São Paulo, 23/09/2021 - Após adquirir, no mês passado, a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo, a Great Wall finaliza processos legais de transferência das instalações para começar a preparar as linhas aos utilitários esportivos e picapes que a montadora chinesa pretende fabricar no local.

Embora a montadora tenha comprado uma fábrica já erguida, incluindo os equipamentos que eram usados até dezembro do ano passado na montagem de automóveis premium da Mercedes, a adaptação da unidade ao padrão industrial da Great Wall na China não será um processo tão rápido quanto possa parecer. Pelo cronograma, os carros da montadora só devem começar a ser produzidos no Brasil nos primeiros meses de 2023.

Esse é o prazo que a empresa deve levar para desenvolver fornecedores locais e uma rede de revendas - cuja cobertura deve ser nacional - e ampliar a capacidade, de 20 mil para 100 mil automóveis por ano, entre outros trabalhos de adaptação. No total, essas mudanças vão consumir investimentos estimados em aproximadamente R$ 4 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos.

“O arranque da fábrica seria no inicio de 2023”, contou o diretor de planejamento de produto e estratégia da Great Wall, Anderson Suzuki, durante participação, hoje, no Broadcast Live, programa transmitido pelos canais da Agência Estado no Youtube e Linkedin.

Nos próximos dois meses, estimou Suzuki, a fábrica deve ser completamente transferida para o grupo chinês, que poderá, assim, começar a transformar as instalações. A intenção, contudo, é engatar as importações antes do início da produção. No segundo semestre do ano que vem, os primeiros carros da Great Wall, vindos da China, devem chegar ao mercado brasileiro.

Ao justificar a decisão de investir no Brasil depois de tanto a Mercedes quanto a Ford desistirem de produzir automóveis no País, Suzuki afirmou que o mercado brasileiro tem potencial de voltar nos próximos anos a algo na faixa de 3 milhões a 3,5 milhões de carros. Isso saindo de um volume de 2,1 milhões previsto para 2021. Assim, acredita, oportunidades serão abertas para a introdução da marca, ainda que a disputa por espaço seja acirrada . “Lógico que é também um mercado competitivo. Praticamente todas as marcas já estão presentes aqui com produção ou importação. É um dos mercados com maior cobertura de marcas”, ponderou.

O diretor da Great Wall disse que perspectivas promissoras para o Brasil colocaram o país na rota do movimento de internacionalização em que o grupo chinês pretende ampliar o volume de carros vendidos no mundo de 1 milhão para 4 milhões até 2025.

“Nosso plano é chegar a produzir 100 mil unidades dentro do plano de cinco anos, com 70% a 80% da produção destinada ao mercado interno”, disse o executivo, lembrando que a fábrica de Iracemápolis também vai produzir veículos para mercados vizinhos da América do Sul.

A instalação da rede de concessionárias, explicou Suzuki, deve começar nos grandes centros, para depois avançar ao interior. O executivo fez questão de destacar que os investimentos previstos para o Brasil são 100% privados e totalmente da matriz na China, sem parceiro local.

Sobre os modelos a serem produzidos no Brasil, Suzuki respondeu que eles estão em fase de definição. Também confirmou o plano da montadora de empregar 2 mil trabalhadores diretos - ou seja, sem contar fornecedores - quando a fábrica de Iracemápolis estiver em operação plena.

Contato: franciscico.assis@estadao.com; eduardo.laguna@estadao.com
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