Economia & Mercados
28/11/2022 18:41

Especial: Promoções antecipadas salvam comércio eletrônico de Black Friday fraca


Por Talita Nascimento

São Paulo, 28/11/2022 - Já era esperado que a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo, na quinta-feira, 24, distraísse os consumidores na virada para a Black Friday. Não à toa, as principais varejistas de comércio eletrônico anteciparam suas promoções. Assim, apesar de uma clara indicação de que a sexta-feira de promoções foi fraca, o mês de novembro parece ter sinais positivos para algumas companhias.

O faturamento bruto do e-commerce brasileiro na sexta-feira da Black Friday, 25, caiu 23% em relação a 2021. No entanto, na análise que considera os 25 dias de novembro dos dois anos, a queda foi de apenas 1%, o que aponta estabilidade. Os dados são de levantamento da NielsenIQ|Ebit, em parceria com a Bexs Pay.

“A pizza não foi tão grande, mas crescemos o nosso pedaço”, disse fonte de uma grande varejista. O sentimento geral é de que, mais do que em outros anos, a data de promoções agressivas foi convertida em um mês de descontos. Para outra grande competidora do setor, a menor concentração na sexta-feira, fez as vendas atingirem margens melhores. “A diluição das promoções é positiva para a rentabilidade”, segundo a leitura dessa segunda companhia.

Renda em baixa e inadimplência influenciam
“Daria para dividir o impacto nas vendas da Black Friday em fatores conjunturais e estruturais. Os conjunturais são a proximidade com a Copa do Mundo e o pós-eleição. Os fatores estruturais, que a meu ver são mais relevantes, são a inadimplência ainda elevada e a renda deprimida”, diz Eugênio Foganholo, sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer. Para ele, a data viu se formar quase que uma tempestade perfeita e, por isso, as empresas que anteciparam as promoções se saíram melhor.

“A data em si foi negativa em relação ao ano anterior. No mês de novembro, houve algum crescimento, que, em muitos setores, não superou a inflação”, complementa. Para ele, a data mostra que a menor renda deixou o consumidor sem condições de comprar, ainda que houvesse o desejo.

Comida e bebida em destaque
Segundo o levantamento da NielsenIQ|Ebit, mesmo com o desafio ligado ao menor poder de compra, sobretudo, na classe C e D, é possível notar resultados positivos. Houve crescimento no número de pedidos, como no segmento de Alimentos e Bebidas, cuja alta chegou a 13,8% na comparação entre os 25 dias de novembro de 2022 com o mesmo período em 2021.

De acordo com o Head de e-commerce da NielsenIQ, Marcelo Osanai, há de se considerar ainda que, em 2022, o cenário pandêmico está mais distante do isolamento e do
fechamento de lojas vividos nos anos anteriores. “Ao considerarmos que a economia brasileira vive um momento desafiador e que, em 2022, as lojas offline estão de volta, em peso, para competir com o e-commerce, é interessante perceber que a queda de 1% demonstra, na verdade, estabilidade. É como se o e-commerce, por ter uma força extra, se mantenha vivo e forte na data especial”, afirmou.

Contato: talita.ferrari@estadao.com
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