Economia & Mercados
15/10/2021 15:55

Exclusivo: Após colocar R$ 1,26 bi no caixa em IPO, Blau aumenta investimentos em PD&I


Por Bruno de Castro, especial para AE

São Paulo, 01/10/2021 - Após abrir capital em abril, quando colocou R$ 1,26 bilhão em seu caixa, a Blau Farmacêutica avança em projetos estratégicos, como o aumento dos gastos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). No primeiro semestre, a empresa dobrou seus investimentos na área e chegou a R$ 28 milhões - equivalentes a 4% da receita líquida. No mesmo período do ano anterior, haviam sido R$ 14 milhões, ou 3% do total.

O dinheiro está sendo usado principalmente no desenvolvimento de medicamentos para tratar doenças oncológicas e infecções microbianas, como antibióticos, antifúngicos e antivirais. Eles fazem parte 60 projetos na Inventta, departamento responsável pela execução de pesquisas em medicamentos sintéticos, insumos farmacêuticos ativos (IFA) e medicamentos biológicos e biotecnológicos. Com 120 pesquisadores, a Inventta ainda tem capacidade instalada para absorver outros 15 projetos.

Segundo a economista Julia Paranhos, coordenadora do Grupo de Economia da Inovação do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as farmacêuticas têm investido mais em PD&I no Brasil, apoiadas por políticas públicas e linhas de crédito. Apesar do crescimento nos gastos, porém, para ela os esforços ainda são "pequenos e incipientes", quando comparados aos países desenvolvidos.

"As grandes farmacêuticas transnacionais investem de 15% a 20% da receita nos setores de pesquisa", afirma Paranhos. Já as companhias de capital nacional destinam, em média, 4,8% da receita para P&D. "Para a indústria brasileira em geral, é um valor bem alto", afirma.

Além disso, diz ela, como as gigantes multinacionais tendem a concentrar investimentos em PD&I nas matrizes, o valor gasto pelas empresas nacionais no País faz grande diferença. Na prática, as farmacêuticas locais investem o dobro em atividades inovativas no País, em comparação com as multinacionais. O mesmo é observado na aplicação de capital em P&D propriamente ditas, com as empresas de capital nacional aplicando até três vezes mais recursos do que as companhias internacionais. As constatações estão em artigo publicado por Paranhos, na Revista Brasileira de Inovação.

Assim, os recursos da Blau são usados em inovação incremental, com o desenvolvimento de novas associações de medicamentos já existentes. "Em sinergia com a nossa área médica, são conduzidos estudos clínicos necessários para comprovar os benefícios", diz o gerente-executivo de pesquisa, desenvolvimento e inovação da farmacêutica, Uilberson Silva. A empresa consegue desenvolver toda a cadeia de um medicamento biotecnológico, desde a pesquisa do IFA até o produto final, incluindo os testes clínicos.

A diretora de relações com investidores e parcerias estratégicas da Blau, Melissa Angelini, afirma que muitas das pesquisas são feitas em parceria com universidades da Alemanha e da Argentina e laboratórios e centros de P&D canadenses.

Fundada em 1987, a Blau atua no setor de medicamentos injetáveis e de alta complexidade no chamado mercado non retail, destinado a hospitais e clínicas médicas. Com sede em Cotia (SP), tem fábricas em Anápolis (GO) e em São Paulo, com 1,4 mil funcionários.

Além do mercado interno, a empresa exporta seus produtos para Estados Unidos, Colômbia, Chile, Peru, Argentina e Uruguai.

Na semana passada, a companhia teve sua classificação de crédito de longo prazo elevado pela Fitch Ratings de 'AA(bra)" para ‘AA+(bra)’, com perspectiva estável.

A farmacêutica teve lucro líquido de R$ 99 milhões no segundo trimestre de 2021, alta de 35% ante os R$ 74 milhões registrados no mesmo período do ano passado. No comparativo trimestral, a receita líquida avançou 15%, para R$ 371 milhões. Segundo a companhia, o desempenho foi impulsionado pela linha de especialidades, composta por produtos hospitalares de uso diário, como antibióticos e relaxantes musculares.

Contato: bruno.castro@estadao.com
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