Economia & Mercados
15/10/2021 14:59

Especialistas veem o gás natural como um caminho para levar à transição energética


Por Leandro Tavares

São Paulo, 15/10/2021 - O gás natural é um caminho para levar a transição energética, embora seja necessário avançar na oferta do insumo para não ter restrição durante esse período, com alternativas, por exemplo, para sair da situação difícil que o mundo se encontra, impactando fortemente os preços, de acordo com especialistas do setor que participaram do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase).

"O gás saiu de um contexto de preço baixo antes da pandemia, e na volta houve uma retomada econômica muito forte, que pegou a cadeia de suprimento despreparada", diz o presidente da Gas Energy, Rivaldo Pereira Neto.

Segundo ele, o mercado de gás vive neste momento o oposto do visto no ano passado. "O mercado tem não referenciais, está desancorado, os preços não param de subir. Como sociedade, estamos muito distante de uma solução estrutural para o choque de oferta. A dependência de hidrocarbonetos é muito alta".

Pereira explica que, quando os governos começaram a impor o menor investimento em hidrocarbonetos, a demanda foi maior que a oferta, por isso essa subida do preço do insumo.

"Até que ponto vamos viver a transição energética com restrição de oferta. Temos o gás do pré-sal que pode ser aproveitado e se desenvolver. Os governos terão que discutir como poderemos viver com a dependência daquilo que não controlo. Essa crise tende a deixar marcas no médio e longo", diz o presidente da Gas Energy.

Por outro lado, o sócio líder na Alvarez & Marsal, Marcos Ganut, afirmou que há existência de terminais e termelétricas em execução, mas num nível aquém do que podemos fazer. "O nosso nível de rejeição dos poços é absurdo, temos volume de gás para atender três vezes a demanda. Há uma sede da indústria".

Para Ganut, o mundo já escolheu a sua matriz (renováveis) preferida. "Temos uma das melhores situações do mundo. O Brasil é um dos países mais bem posicionados para os projetos de energia eólica e solar. Temos um pipeline de projetos fantástico para ser explorado, não tem que olhar para o gás como concorrência, mas sim como transição".

Mesmo assim, o sócio líder na Alvarez & Marsal segue otimista pela realidade que o gás pode auferir. "Andamos muito pouco, vemos a Petrobras mais distante (do mercado) como esperado. Mas necessitamos saber quais as políticas vão seguir. O gás só é falado em momentos como esse de crise, o insumo é para longo prazo. O potencial é grande para estar sentado em cima".

Contato: leandro.tavares@estadao.com
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