Economia & Mercados
14/08/2020 09:45

CPFL Energia: impactos do Covid-19 pressionam resultados do 2tri20


Por Luciana Collet

São Paulo, 14/08/2020 - Queda no consumo, aumento da inadimplência. O desempenho da CPFL Energia no segundo trimestre deste ano reflete o impactos já esperados para o setor elétrico com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. O grupo, que possui atuação nos segmentos de distribuição, transmissão, geração e comercialização de energia, no entanto, teve mais de 70% do lucro vindo da distribuição, justamente o segmento mais penalizado pelo surto global.

A empresa registrou uma queda de 10,1% nas vendas de energia no trimestre, ante igual etapa de 2019, na área de concessão das distribuidoras do grupo, que operam nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo que o volume diretamente vendido pelas concessionárias recuou 9,1%, enquanto a quantidade de energia entregue aos consumidores dos livres, faturada por meio da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), recuou 11,9%.

A redução nas vendas da distribuição se refletiu em uma receita operacional líquida 6,7% menor no segundo trimestre, para R$ 6,56 bilhões entre abril e junho, na comparação com igual etapa do ano passado. A queda só não foi maior pela melhora no faturamento do segmento de geração convencional, que cresceu 8,2%. Já a geração renovável recuou 4,2%, com a menor produção de energia eólica e a estratégia de sazonalização das geração das pequenas hidrelétricas. O segmento de comercialização e serviços, por sua vez, faturou 12,7% menos.

Já na linha de custos, a empresa registrou uma aumento das provisões para devedores duvidosos (PDD) de 23,3%, para R$ 80 milhões, também relacionada aos efeitos da pandemia do Covid-19, que acentuou os efeitos negativos da conjuntura econômica. Em relatório de resultados, a empresa lembra que durante o período mais crítico de isolamento social, de 24 de março até 31 de julho, a Aneel proibiu os cortes por falta de pagamento, inviabilizando a principal medida tomada pelas distribuidoras contra a inadimplência.

A despeito do aumento da inadimplência, a CPFL conseguiu conter o aumento de suas despesas operacionais, e registrou uma queda de 5,1% na linha de despesas com Pessoal, Materiais, serviços de Terceiros e Outros (PMSO), enquanto os custos com energia recuaram 5,7%.

Tais reduções não foram suficientes, porém, para evitar uma contração do Ebitda, de 19,7% no segundo trimestre, na comparação anual, para R$ 1,208 bilhão. O lucro líquido, por sua vez, baixou 19,4%, para R$ 462 milhões. O resultado líquido só não foi pior porque a despesa financeira líquida diminuiu 65,8% no período.

Em mensagem da administração, o presidente da CPFL, Gustavo Estrella, salientou que além dos impactos da pandemia, o as reduções no Ebitda e no lucro refletem a deflação do IPCA no período.

O executivo também destacou que o endividamento da companhia se manteve inferior aos limites contratuais de 3,75 vezes dívida líquida/Ebtida, em 2,29 vezes. "Conseguimos preservar a liquidez do grupo com captação de recursos a taxas bastante atrativas", afirmou.

A empresa encerrou junho com dívida líquida de R$ 15,008 bilhões, 36,9% maior em relação à posição de dívida líquida no final do segundo trimestre de 2019. A companhia explica que a alta se deve à aumento da participação da CPFL Energia na CPFL Renováveis, que passou de 53,18% em junho de 2019 para 99,98%1 em junho de 2020. O grupo encerrou o período com posição de caixa de R$ 6,99 bilhões, correspondente a 1,43 vez a amortização de curto prazo.

Contato: Luciana.collet@estadao.com
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