Economia & Mercados
25/07/2022 12:34

Especial: Temos plano de captar em moeda local para evitar surpresas, diz presidente da Sabesp


Por Juliana Estigarríbia

São Paulo, 25/07/2022 - A Sabesp continua apostando em financiamentos em real e hedge (proteção cambial) para evitar “surpresas” com instabilidade de moedas, afirmou ao Broadcast o presidente da companhia, Benedito Braga. A empresa acaba de concluir a contratação de um financiamento de R$ 760 milhões junto ao International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial.

“Nós estamos preferindo os multilaterais que possam nos emprestar em moeda nacional, como é o caso do IFC. Se não tivermos isso, vamos arrumar alguma forma de hedge para que não tenhamos surpresas com instabilidade de moedas. Temos sim um plano de captação para atender às nossas demandas de obras e serviços dentro desse conceito de empréstimo em moeda local”, disse.

Segundo o executivo, a companhia sofria com a alta exposição à moeda estrangeira. “Hoje, nós temos em nossa carteira de moeda estrangeira um valor baixo, da ordem de 15% a 18%, mas era quase 50% no passado”, relata.

A Sabesp, em parceria com o IFC, realizou uma operação “blue loan”, cujos recursos são destinados para proteger o oceano, recursos hídricos naturais e corpos hídricos urbanos. Segundo a empresa, o blue loan é um instrumento inovador em que os fundos arrecadados são certificados e monitorados para garantir o uso sustentável dos recursos dos oceanos para o crescimento econômico. O montante obtido será destinado a obras do Novo Rio Pinheiros, programa estadual para ampliar a coleta e o tratamento de esgoto na bacia e despoluir o rio até dezembro de 2022, bem como melhorias nos sistemas de água e esgoto de municípios do litoral paulista.

“A companhia está bem estruturada para atender questões ligadas a métricas de ESG, até porque no caso da Sabesp nossa atividade é ESG”, diz Braga. Com a notícia da conclusão do financiamento, a companhia encerrou o pregão desta sexta-feira com alta de 2,76%, a terceira maior do Ibovespa.

Braga admite, entretanto, que o momento é desafiador. “Antes mesmo da pandemia já estava difícil. Com a covid e agora mais recentemente com a guerra na Ucrânia, aumentou significativamente o custo de materiais para tratamento de água e esgoto, os custos operacionais também subiram”, relata. “Mas não imagino que essa guerra vai continuar durante o inverno europeu, deve haver uma solução”, avalia.

Ele também acredita que as medidas para conter a inflação vão surtir efeito. “No nosso caso, não vejo grandes problemas para cumprir as nossas metas do novo marco do saneamento. Sempre fui muito otimista nas análises, a guerra não deve durar muito mais e as medidas rígidas para conter a inflação vão trazer resultados. As coisas vão melhorar", projeta.

Apesar do otimismo, Braga reforça que a companhia segue trabalhando para aumentar a eficiência. Um exemplo disso é o avanço na produção de energia fotovoltaica através de geração distribuída. A empresa também está automatizando as estações de tratamento de água com inteligência artificial. “Com isso estamos reduzindo custos operacionais, de horas extras, isso vai nos levar a uma eficiência maior na operação.”

No contexto do novo marco regulatório, o executivo afirma que a empresa está com tudo dentro do planejado. “Temos municípios que já estão universalizados, muitos nem precisamos fazer aditivos (de contrato). A companhia não vai ter dificuldade nenhuma de cumprir as metas do novo marco”, observa. “Agora, para o resto do País vai ser difícil, colocaram metas em outros cantos do Brasil que vão ser muito difíceis de serem atendidas.”

Inverno seco

Para Braga, este deve ser um inverno bastante seco, mas ele reforça que a companhia está preparada para enfrentar esta condição. “Teremos um inverno bastante seco, talvez mais seco do que 2019 e 2021, mas não temos perspectiva de racionamento no curto prazo. Isso não quer dizer, entretanto, que as pessoas podem abusar do consumo de água. Estamos preparados, mas vamos precisar de colaboração”, disse.

Segundo o executivo, o sistema de reservatórios da companhia da região metropolitana de São Paulo está um pouco acima do nível do ano passado, no conjunto. “O Cantareira está um pouco pior, mas temos interligações de sistemas que nos permitem usar menos ainda este reservatório”, relata.

Contato: juliana.estigarribia@estadao.comP
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