Agronegócios
10/05/2023 08:16

BrasilAgro: lucro líquido cai 95% em nove meses do ano fiscal de 2023, para R$ 25,8 milhões


Por Clarice Couto

São Paulo, 10/05/2023 - A BrasilAgro acumula lucro líquido de R$ 25,8 milhões no período de nove meses do ano fiscal de 2023 (equivalente à safra 2022/23, que começou em julho de 2022), 95% menor do que os R$ 488,989 milhões registrados em igual período do ano fiscal de 2022. A margem líquida no período recuou 29 pontos porcentuais na comparação com os nove meses de 2022, de 33% para 4%.

A receita líquida no acumulado de nove meses soma R$ 663,214 milhões, valor que representa um recuo de 38% ante o montante de R$ 1,068 bilhão contabilizado em nove meses do ano fiscal de 2022. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado atingiu R$ 168,447 milhões, 73% abaixo dos R$ 622,233 milhões apurados um ano antes. A margem Ebitda ajustado também caiu, assim como a margem líquida, saindo de 42% em nove meses de 2022 para 23% em igual período deste ano.

Conforme a companhia, a queda da receita no acumulado de nove meses de 2023 se deve, principalmente, à estratégia de comercialização adotada pela empresa na safra, que traz variação na quantidade faturada por trimestre; à queda no preço do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo (Consecana), que passou de R$ 1,45 para R$ 1,14 de uma safra para outra, e à diminuição de 16% do volume de cana produzido na safra 2022.

A BrasilAgro informou que, em 31 de março de 2023, havia comercializado 92,91% da soja da safra 2022/23 e 11,7% da soja de 2023/24, a US$ 14,64/bushel e US$ 13,54/bushel, respectivamente; 33% da produção de milho esperada para o ciclo 2022/23 por R$ 71,81/saca, em média; 65,7% da safra de algodão projetada para 2022/23 por R$ 87,88 por arroba, e 35,26% da produção de etanol prevista para a temporada atual.

Receita cresce 8%
A BrasilAgro registrou receita líquida de R$ 190,69 milhões no terceiro trimestre do ano fiscal de 2023 (correspondente ao terceiro trimestre da safra 2022/23, que começou em julho de 2022), alta de 8% ante os R$ 175,94 milhões apurados em igual período de 2022. A empresa também contabilizou prejuízo líquido de R$ 3,293 milhões no período de janeiro a março deste ano, revertendo o lucro líquido de R$ 81,781 milhões verificados no terceiro trimestre do ano fiscal de 2022. A margem líquida ficou negativa em 1%, contra 21% no terceiro trimestre de 2022. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, em contrapartida, somou R$ 44,175 milhões, 107% superior aos R$ 21,321 milhões registrados no intervalo correspondente do ano passado. A margem Ebitda ajustado no trimestre foi de 18%, ante 6% há um ano.

O aumento da receita líquida no trimestre, segundo a companhia, é explicado "pelo maior volume de soja e milho faturado no período, que foi afetado pela queda nos preços". As vendas de soja entre janeiro e março aumentaram 3%, enquanto a receita líquida com as vendas do grão recuou 3%; o volume de milho vendido cresceu 165% e a receita líquida obtida com o produto aumentou 404%. Das 74.573 toneladas de produtos vendidas pela companhia no terceiro trimestre de 2023, 63.396 toneladas foram de soja.

"Do ponto de vista de preços, com a queda dos preços das commodities e aumento dos custos, tivemos uma diminuição das margens em todas as culturas, principalmente se compararmos com os resultados recordes da safra passada, que apresentaram margens acima da média histórica", disse o CEO da BrasilAgro, André Guillaumon, no comunicado de resultados.

A companhia informou no documento que as adversidades climáticas enfrentadas durante a safra afetaram a produção no plantio, quando a empresa deixou de plantar 5 mil hectares de soja, 7,3 mil hectares de milho segunda safra e 4,9 mil hectares de algodão, e na fase de desenvolvimento das plantas, em especial na Bahia, onde, devido ao veranico, a produtividade foi 29% e 40%, respectivamente, menor. "Com a diminuição da área plantada inicialmente estimada e a perda de produtividade na Bahia, esperamos diminuir em 7% a produção total de grãos e algodão", disse a empresa no release.

A BrasilAgro projeta agora redução de 7% da produção de soja na safra 2022/23, para 203.628 toneladas; queda de 10% para o milho segunda safra (56.320 toneladas); de 30% na produção de algodão (12.905 toneladas) e de 29% para o algodão safrinha (9.285 toneladas).

Para a safra 2023 de cana-de-açúcar, a BrasilAgro estima alcançar TCH (tonelada colhida por hectare) de 84,27 toneladas e produção de 2,1 milhões de toneladas, ante TCH de 78,10 toneladas registradas em 2022 e produção de 1,941 milhão de toneladas.

A empresa informou que terminou o terceiro trimestre de 2023 com caixa e equivalente de caixa de R$ 243,985 milhões, 46% abaixo dos R$ 455,073 milhões contabilizados ao fim do ano fiscal de 2022.

O endividamento aumentou 29% entre 30 de junho de 2022 e 31 de março de 2023, chegando a R$ 583,734 milhões. A relação entre a dívida líquida ajustada e o Ebitda ajustado no mesmo período saiu de 0,04 vez para 1,71 vez. O custo médio da dívida é de 96,56% do CDI, conforme a empresa.

Contato: clarice.couto@estadao.com
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