Por Augusto Decker
São Paulo, 27/04/2021 - O Centro-Sul deve ter reduções na moagem de cana-de-açúcar e na produção de açúcar e etanol na safra 2021/22, que começou este mês, segundo a consultoria Canaplan. Durante a reunião que marca o início da temporada de cana, a consultoria projetou moagem em 2021/22 entre 540 e 553 milhões de toneladas, ante 605 milhões em 2020/21. "Tivemos clima muito irregular e seco em 2020. A seca se prolongou por mais tempo que o normal e o verão não compensou", afirmou o analista Nilceu Cardozo durante a Reunião Canaplan, transmitida ontem (26) à noite pela internet. Ele mostrou que a média de chuvas durante a formação da safra foi de 1336 milímetros em 2020/21 e 882 mm em 21/22. "Quase todas as regiões tiveram menos chuvas do que no ano passado, a maioria teve muito menos."
A estimativa da consultoria é de que 46% da cana processada seja usada no açúcar e 54%, para etanol. Com isso, a produção do adoçante deve recuar para 33,1 milhões a 33,8 milhões de toneladas - um ano antes, a região produziu 38,5 milhões de toneladas. O biocombustível também deve ter queda semelhante: de 30,4 bilhões de litros produzidos em 2020/21 para algo entre 24 e 24,5 bilhões de litros.
Os Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), que medem a qualidade da cana, devem cair de 144,9 kg/tonelada para 139,5 kg/tonelada. A estimativa da Canaplan é também de recuo na produtividade agrícola, passando de 77,8 toneladas de cana/hectare em 2020/21 para algo entre 70,5 e 71,6 toneladas de cana/hectare na temporada atual.
A seca atrapalhou a renovação da cana, portanto a expectativa é de envelhecimento nesta safra, de 3,6 cortes médios para 3,7 cortes médios. "Plantou-se menos cana, o canavial envelheceu e achamos que cortes mais novos vão cair", disse o analista Ciro Sitta. "E a seca também prejudicou a produtividade."
O diretor da Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, afirmou que, em termos de mercado, as reformas estruturais serão essenciais para equilibrar o balanço e recuperar a demanda pelo adoçante. Ele afirma que os preços são positivos, mas apontou "ciclo político complexo e um ciclo jurídico frágil".
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