Nova York, 08/03/2023 - O CEO interino da Starbucks, Howard Schultz, concordou em depor perante uma comissão do Senado norte-americano, disse ontem (7) o senador de Vermont, Bernie Sanders. O senador independente, que é presidente da Comissão de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões, acusa a empresa de desrespeitar leis trabalhistas federais, alegações que a empresa nega. Sanders alega que a Starbucks, sob a liderança de Schultz, "fez o possível para impedir" a sindicalização de funcionários e os esforços de negociação coletiva.
Zabrina Jenkins, vice-presidente executiva interina e diretora jurídica da Starbucks, disse em carta à comissão nesta terça-feira que a empresa "se esforçará para fornecer uma compreensão mais profunda de nossa cultura e prioridades", incluindo os benefícios oferecidos e o compromisso de dar suporte a seus funcionários.
A campanha de sindicalização na Starbucks teve início nas lojas da rede em Buffalo, no Estado de Nova York, em agosto de 2021, e se espalhou pelo país. Desde então, trabalhadores fizeram petições para se sindicalizar em algumas lojas da Apple, da Trader Joe's e da Chipotle Mexican Grill. Os trabalhadores da Tesla em Buffalo lançaram no mês passado uma campanha de sindicalização com o Workers United, o mesmo sindicato que organiza os trabalhadores da Starbucks.
Na Starbucks, os funcionários pedem melhores condições de trabalho, além de salários mais altos e melhores benefícios.
A Starbucks pediu aos quase 250 mil funcionários das lojas próprias da empresa nos Estados Unidos que confiem na companhia em vez de se sindicalizar. A empresa disse no ano passado que estava aumentando salários e benefícios para os trabalhadores nos EUA, mas restringiu os benefícios aos funcionários das lojas que não votaram pela sindicalização.
O movimento para sindicalização nas lojas da Starbucks se desacelerou após o primeiro semestre de 2022. Desde julho passado, o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas, órgão federal que supervisiona a sindicalização em empresas privadas, registrou cerca de 11 petições por mês de lojas da Starbucks, de acordo com registros da agência. O conselho disse que certificou sindicatos em 285 lojas da Starbucks até esta terça-feira. O número representa cerca de 3% das 9.300 lojas próprias da rede nos EUA. O movimento sofreu derrotas em 57 lojas, disse o conselho.
A empresa e a Starbucks Workers United realizaram dezenas de sessões de negociação desde outubro passado, mas ainda não chegaram a um acordo. Sanders criticou a Starbucks por ainda não ter ratificado um contrato sindical em nenhuma de suas lojas, e quer que a comissão do Senado investigue as práticas trabalhistas da empresa.
A Starbucks disse em carta à comissão na semana passada que Schultz delegou decisões sobre questões sindicais a um círculo de executivos e se concentrou no plano de recuperação mais amplo da empresa.
A Starbucks disse que apresentou cerca de 90 acusações de práticas trabalhistas injustas contra a Workers United em resposta a problemas decorrentes de sessões de negociação com o sindicato e os funcionários.
O Conselho Nacional de Relações Trabalhistas, por sua vez, emitiu 81 reclamações contra a Starbucks por alegações de que a companhia tenha violado a lei trabalhista federal. A empresa negou que tenha violado as regras que supervisionam a organização sindical e disse que respeita o direito de seus trabalhadores de se organizarem. Fonte: Dow Jones Newswires.
