Agronegócios
26/09/2017 08:12

Itaú BBA/Lulia: conta externa do país deve limitar efeito de normalização em grandes economias


Londres, 26/09/2017 - O Brasil, assim como os demais países emergentes, deverá sofrer "algum impacto" com a normalização da política monetária de grandes economias mundiais, mas o País nunca esteve tão preparado, principalmente do lado das contas externas, para acomodar possíveis choques. A avaliação foi feita há pouco pelo CEO do Itaú BBA International, Renato Lulia, que fica em Londres, onde o banco realiza hoje um evento com a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

"Nem Yellen, nem Carney, nem Draghi sabem dizer quando essa normalização começará, mas haverá impactos para os mercados emergentes", avaliou o executivo a jornalistas do Brasil, em referência aos presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos, Janet Yellen, do Federal Reserve; Mark Carney, do Banco da Inglaterra; e Mario Draghi, do Banco Central Europeu. "No caso do Brasil, no nosso cenário básico, algum impacto vai acontecer quando começar o aperto", completou.

Apesar disso, no entanto, os reflexos não devem ser tão negativos porque o Brasil está com as contas externas arrumadas como nunca antes, conforme Lulia. O investidor, de acordo com ele, está olhando para isso e terá essa informação em mente no momento que as políticas começarem. O CEO do Itaú BBA ressaltou que o déficit é muito mais do que coberto pelo Investimento Direto no País (IDP), que é a melhor forma de ter as contas externas saudáveis. Esse cenário das contas bem arrumadas e o câmbio flutuante deixam o Brasil, segundo ele, menos sujeito a choques.

Sobre os investimentos no País, o executivo ressaltou que, mesmo durante a crise, o interesse nos bons ativos nunca parou. "O que mudou este ano foi que o mercado de capitais voltou", ressaltou. Ele comentou que há 25 operações de IPOs (ofertas públicas de ações) em 2017 - número que compreende operações já realizadas, em andamento ou apenas informadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Esta é uma mudança importante", avaliou, lembrando que nos dois últimos anos apenas foram realizados dois IPOs no País.

Apesar de a Bolsa brasileira estar operando em nível recorde de alta, há espaço para mais crescimento ainda, conforme Lulia, se forem levados em consideração os preços dos ativos em dólar e o desconto da inflação.

Para continuar a atrair investimentos, o Brasil precisa, de acordo com o executivo, "apenas continuar o que está fazendo", que é apresentar reformas e fazer a estabilização macroeconômica, mantendo a inflação e os juros em baixa. "A piada aqui entre os investidores é que, pela primeira vez, a inflação brasileira está menor do que a britânica", disse. (Célia Froufe, correspondente - celia.froufe@estadao.com)
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