Agronegócios
28/12/2022 13:39

Boi/Cepea: oferta de boiada terminada aumentou em 2022, mas custo de produção permaneceu elevado


Por Sandy Oliveira

São Paulo, 28/12/2022 - O setor pecuário do Brasil elevou a oferta de animais prontos para abate ao longo de 2022, conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em virtude de investimentos feitos no campo. O setor, no entanto, foi pressionado pelos altos custos de produção, que não deram trégua, assim como nos últimos anos. A avaliação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) em relatório antecipado ao Broadcast Agro.

O Cepea destaca que as exportações mantiveram-se intensas ao longo do ano, sobretudo para a China, com os volumes mensais superando 200 mil toneladas em agosto e em setembro, o que já garantiu recorde anual. “A procura doméstica, contudo, ainda esteve bastante aquém do esperado pelo setor. Lembrando que, da carne produzida no Brasil, 75%, em média, é destinada ao mercado interno”, observa o Centro.

Segundo a entidade, os preços médios do boi gordo caíram em boa parte de 2022, depois de renovarem recordes reais sucessivos em 2019, 2020 e em 2021. Considerando a série mensal deflacionada (pelo IGP-DI) do Indicador do boi gordo Cepea/B3, no mercado paulista, a maior média do ano, de R$ 347,32, foi registrada em janeiro. Já a menor média, de R$ 283,35, foi observada em novembro.

“O valor de novembro de 2022 foi o mais baixo desde outubro de 2019, quando esteve em R$ 254,29, em termos reais, indicando que os valores voltaram aos patamares observados no período em que os preços da arroba iniciaram um intenso movimento de alta, tendo como impulso, naquele momento, a elevação das compras chinesas e a diminuição no volume de animais para abate no Brasil”, explica o Cepea.

Do lado da oferta, de acordo com o IBGE, foram abatidas 22,14 milhões de cabeças de bovinos no Brasil de janeiro a setembro deste ano, aumento de 7,33% frente ao mesmo período de 2021 (ou de 1,5 milhão de cabeças). O IBGE também apontou crescimento na produtividade média por animal. No terceiro trimestre de 2022, o peso médio do animal no Brasil foi de 272,02 quilos, recorde para o período. Quando considerada a média de janeiro a setembro/22, a pecuária brasileira nunca produziu tanta carne. Foram, em média, 266,65 quilos por animal, 0,07% superior ao antigo recorde, de 2021, ainda conforme o IGBE.

Quanto à demanda, no front externo, de janeiro a novembro de 2022, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, mostram que o Brasil já exportou 1,84 milhão de toneladas de carne bovina in natura, volume 28,5% acima da quantidade escoada no mesmo período de 2021 (1,43 milhão) e também recorde para um ano - nos 12 meses de 2021, o País embarcou 1,561 milhão de toneladas. Até então, 2020 sustentava o volume recorde, de 1,725 milhão de toneladas.

Já em relação ao consumo interno, o Cepea observa que a demanda permaneceu fraca ao longo de todo ano por causa, principalmente, do fragilizado poder de compra da população brasileira, sobretudo em decorrência da inflação elevada. As médias mensais da carcaça casada do boi, comercializada no atacado da Grande São Paulo, foram negociadas em 2022 entre R$ 19/kg e R$ 21/kg. A maior média, de R$ 21,96/kg, foi registrada em janeiro. Já a menor, de R$ 19,31/kg, em outubro.

Quanto à reposição, assim como verificado para a arroba e para a carne, a maior média de 2022 foi registrada em janeiro, quando o animal nelore, de 8 a 12 meses, foi comercializado em Mato Grosso do Sul a R$ 3.003,70/cabeça. A menor média, por sua vez, foi de R$ 2.456,20, em novembro.

Contato: sandy.oliveira@estadao.com
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