Por Clarice Couto
São Paulo, 28/12/2022 - A consultoria Datagro divulgou sua primeira estimativa para a moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil na safra 2023/24, de 590 milhões de toneladas, 7% acima dos 552 milhões de toneladas de cana processadas no ciclo 2022/23. O aumento deve ser sustentado, segundo a Datagro, por "condições climáticas mais favoráveis, além de maiores investimentos em renovação do canavial e em tratos".
Para a oferta total de ATR (açúcar total recuperável), a consultoria estima um incremento de 7,7% em comparação ao contabilizado na safra 2022/23. Para a produção de açúcar, a Datagro estima na região Centro-Sul 38 milhões de toneladas em 2023/24, 13% acima dos 33,6 milhões de toneladas em 2022/23.
"A percepção, por ora, é que as usinas buscarão maximizar a produção de açúcar em 2023/24 em função das incertezas sobre o mercado de petróleo, cujos preços voltaram a cair. Dessa forma, o mix para produção de açúcar deverá crescer 2,3 pontos porcentuais ante 2022/23", disse a Datagro em relatório.
Para a produção de etanol, a consultoria projeta aumento de 6,2%, com boa parte do crescimento atribuído à expansão da capacidade de produção do biocombustível à base de milho.
Superávit global Com a previsão de maior moagem no Brasil, a Datagro elevou novamente sua estimativa de superávit no balanço mundial da temporada 2022/23 (outubro de 2022 a setembro de 2023), de 2,72 milhões de toneladas para 4,76 milhões de toneladas (valor bruto), ante superávit de 2,02 milhões de toneladas em 2021/22. "Vale lembrar que a previsão de crescimento do consumo mundial de açúcar é em torno de 1% para 2022/23 (outubro a setembro), contra 1,5% de crescimento de 2021/22, devido à guerra na Ucrânia e aos impactos da política covid zero na China", pontuou a consultoria.
A Datagro ponderou que os dois superávits somados ainda não compensarão completamente o déficit de 9,43 milhões de toneladas (valor bruto) acumulado nas temporadas 2019/20 e 2020/21. "Significa que os estoques deverão apresentar uma modesta recuperação, de 42,3% do consumo anual em 2021/22 para 44,6% em 2022/23, mantendo-se bem abaixo da marca dos 47% entre 2017/18 e 2018/19, quando o preço do açúcar rondava a casa dos 10-11 centavos de dólar por libra peso em Nova York", disse a Datagro no relatório.
Um retorno dos impostos federais (PIS/Cofins/CIDE) sobre os combustíveis em 2023 no Brasil poderia limitar a "maximização" da produção de açúcar na safra 2023/24 na região Centro-Sul, pondera a Datagro, atentando que as condições climáticas permanecem favoráveis ao desenvolvimento dos canaviais, o que "ainda reforça a perspectiva de uma abundante oferta de cana para a próxima temporada".
"Ainda é cedo para presumir que a tela de março de 2023 (de cotações futuras) devolverá em breve os ganhos erguidos no final de 2022, mas já é possível supor que o balanço mundial de açúcar poderá também apresentar um maior superávit em 2023/24 (out/set) à luz da resposta dos produtores aos preços atuais, caso não haja surpresas nas condições climáticas."
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