Agronegócios
22/01/2021 08:45

Grãos: Agroconsult prevê exportação de 83 milhões de t de soja e 39 milhões de t de milho em 2021


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 22/01/2021 - A Agroconsult projetou exportações de soja do Brasil em 2021 de 83 milhões de toneladas, enquanto os embarques ao exterior de milho devem totalizar 39 milhões de toneladas. Para a soja, segundo Pessôa, há maior confiança sobre o volume a ser exportado, enquanto, para o milho, a previsão ainda depende do volume colhido na safrinha. As projeções foram apresentadas ontem (21), durante evento de lançamento do Rally da Safra 2021.

"A soja já está aí, pronta ou quase pronta. Para o milho ainda dependemos da safrinha, do comportamento do clima. Isso pode ter impactos relevantes sobre exportação de milho", disse. "Estamos mais confiantes e seguros em relação ao grande volume de exportação de soja. Só não vai ser mais porque não vamos ter (mais soja). Estamos entrando com estoque extremamente baixo no ano."

Segundo Pessôa, o Brasil deve ter entre 4,5 milhões e 5 milhões de toneladas de soja colhidas em janeiro, contra quase 11 milhões de toneladas no ano anterior. "A gente vai ter muita soja em fevereiro, março e abril, mas certamente há uma sobrecarga já em fevereiro no escoamento da safra que tem de descer para os portos", disse Pessôa.

Conforme o representante, a demanda chinesa por soja tende a continuar "muito forte" em um cenário de recomposição dos rebanhos suínos após a peste suína africana, com adoção de tecnologia para uma "suinocultura mais moderna" no país, além do aumento da produção de carnes de frango e peixes chinesa. Pessôa apontou que o esmagamento de soja na China está entre 15% e 20% acima de igual período do ano passado nos primeiros meses da safra 2020/21 do país, de outubro para cá.

Para o sócio-diretor da Agroconsult, "é possível, mas não provável" preços acima dos atingidos recentemente na soja, de mais de US$ 14/bushel, uma vez que as cotações devem estimular crescimento "fortíssimo" de área nos EUA em 2021/22, seguido por um incremento também na América do Sul. "Mas os patamares de preço acima de US$ 13/bushel são excelentes. Mesmo que caia um pouquinho, já é suficiente para um grande estímulo de avanço de área." Para os preços internos, um dos fatores determinantes é o câmbio. "Pode até ter manutenção dos preços internacionais no patamar atual e o preço do mercado doméstico cair por conta do câmbio."

Ainda segundo Pessôa, a comercialização antecipada de soja nunca foi "tão forte, tão intensa, tão precoce como na safra 2020/21". A consultoria vê em torno de 70% da safra de soja negociada em Mato Grosso e próximo de 50% no Paraná. "Tivemos grandes volumes no início da comercialização com preços mais baixos, que não eram ruins, eram ótimos, mas que agora estão melhores ainda. São excelentes os preços atuais, mas proporcionalmente tem muito menos soja para ser vendida." Ele ponderou, contudo, que a média de preços de venda em Mato Grosso na safra 2020/21 está "ligeiramente abaixo dos R$ 100/saca".

Quanto ao milho, Pessôa destacou que a China ainda não compra volume do Brasil, mas que isso pode mudar. "A gente ainda está na fase de revisão de protocolos sanitários para ser autorizado a embarcar para lá. A China é hoje basicamente atendida por milho da Ucrânia e dos EUA", disse. "Mas certamente vai permanecer um grande importador de milho. E as outras duas grandes origens de milho, o Brasil e a Argentina, vão participar desse mercado. A expectativa é que isso seja resolvido muito em breve." O analista ressaltou que a China, no espaço de um ano, foi de um player "insignificante" em importação de milho a maior país importador, ultrapassando México e Japão.

Ainda conforme Pessôa, boa parcela do milho safrinha que o Brasil deve produzir em 2021 já está negociado e, em grande parte, para venda externa. "Com o milho a quase US$ 5 por bushel e o câmbio como a gente tem hoje, é um preço irresistível no mercado internacional para um milho tão bom quanto o do Brasil", disse. "Não vai faltar comprador no mercado internacional para o milho brasileiro. Acredito que vai ter disputa por milho no mercado interno."

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Agro e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso