Agronegócios
28/04/2021 08:50

Etanol: consumo do Ciclo Otto este ano pode crescer 5% a 7% ante 2020, diz Bioagência


Por Augusto Decker

São Paulo, 28/04/2021 - O consumo de combustíveis do Ciclo Otto no Brasil em 2021 pode crescer entre 5% e 7% ante 2020, estima a Bioagência, com base nos parâmetros disponíveis até março deste ano. "O potencial é grande. Se a economia engrenar, é questão de tempo voltar para o patamar de 2019", disse o diretor da agência, Tarcilo Rodrigues, durante a Reunião Canaplan, realizada virtualmente ontem à noite.

Mesmo assim, acrescentou, os preços do etanol no Brasil não devem alcançar a paridade com o açúcar. "Vamos continuar com uma safra maximizando açúcar", afirmou. "Apesar dos bons preços do petróleo, o açúcar está acima." Em relação ao etanol de milho, ainda é esperado um crescimento na produção, mas a intensidade dependerá de preços dos grãos e do petróleo.

Já que o consumo de combustíveis deve aumentar este ano e a oferta de etanol hidratado deve ser restrita - tanto pelo mix açucareiro quanto pelo recuo esperado na moagem de cana nesta temporada - o consumo de gasolina deve avançar mais de 10% em 2021, segundo projeção da Bioagência. E como o País não deve ter aumento na capacidade de refino, será necessário aumentar as importações de derivados.

Com relação ao açúcar, a principal dúvida do mercado em relação aos fundamentos é se a recuperação da produção da Tailândia será suficiente para compensar as perdas esperadas para o Brasil. A análise é do diretor geral da LMC International, Martin Todd. "As grandes perguntas são: qual será o recuo na produção de açúcar do Brasil? E o recuo será maior do que a recuperação da Tailândia?", disse ele, durante a reunião virtual. Ele destacou que esses dois países são relevantes porque Índia e Europa não devem ter aumento expressivo de produção nesta safra.

Todd espera que em 2021/22 a safra de cana-de-açúcar da Tailândia tenha leve recuperação, chegando a 85-90 milhões de toneladas de cana. Em 2020/21, esse volume ficou em 67 milhões de toneladas, metade do volume de dois anos antes. Já as exportações de 20/21 devem ficar entre 4 e 5 milhões de toneladas, ante 9-10 milhões de toneladas dois anos antes, mas tanto o volume quanto as exportações foram maiores do que no ano anterior.

Quanto à Índia, a situação ainda é de incerteza, principalmente em relação ao subsídio do governo para exportações na próxima safra. Na safra atual, foi dado subsídio a 6 milhões de toneladas. "Dizem que podem ampliar a cota para esta safra em alguns milhões, mas isso ainda é incerto. E não sabemos o que vão fazer em 2021/22. Essa incerteza só deve aumentar", disse Todd.

Para o Brasil, a expectativa é de recuo em 2021/22 na comparação com a safra anterior. "A safra de cana deve ser menor, a dúvida é o quão menor será." Ele ressaltou que, sem oferta nova da Índia e da Tailândia, "a pressão está no Brasil".

De acordo com o executivo, os preços globais de açúcar têm como pisos a paridade de exportação da Índia e a paridade com o etanol no Brasil. Já o teto é a paridade de importação da China. "Se os preços superarem esse patamar, eles param de comprar", disse Todd. "Vimos isso recentemente. Os preços subiram e eles pararam. Depois, quando caiu, voltaram às compras."

A firmeza das cotações nos últimos meses se deve, segundo Todd, tanto aos fundamentos quanto aos estímulos internos positivos. "Os mercados estão otimistas com a recuperação da economia global. Isso deu suporte ao preço do petróleo e reanimou fundos, que voltaram a comprar commodities", disse. Uma vantagem para o Brasil, acrescenta, é o fato de os preços globais do adoçante subirem mesmo enquanto o real se enfraquece ante o dólar.
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