Agronegócios
10/05/2023 08:21

Camil Alimentos: lucro líquido recua 88,9% no 4ºtri fiscal 2022, para R$ 15,9 milhões


Por Isadora Duarte

São Paulo, 10/05/2023 - A Camil Alimentos, multinacional de origem brasileira, obteve lucro líquido de R$ 15,9 milhões no quarto trimestre fiscal de 2022, encerrado em fevereiro deste ano, informou ontem (9)a empresa, depois do fechamento do mercado. O resultado representa queda de 88,9% ante igual período do ano passado, quando a companhia registrou lucro de R$ 143,5 milhões. O lucro por ação atingiu R$ 0,05 no quarto período do ano passado. A companhia atua em arroz, feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos.

Já a receita líquida aumentou 10,8%, de R$ 2,267 bilhões para R$ 2,512 bilhões no quarto trimestre fiscal de 2022. No segmento alimentício Brasil, a receita aumentou 20,5%, para R$ 1,968 bilhão. O segmento alimentício internacional obteve receita líquida 14,1% menor, de R$ 544,3 milhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 33% na mesma comparação, de R$ 234,1 milhões para R$ 157 milhões. Já a margem Ebitda cedeu 4,1 pontos porcentuais do quarto trimestre fiscal de 2021 para o quarto trimestre fiscal de 2022, encerrando o período em 6,2%.

A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) terminou o quarto trimestre fiscal de 2022 em 3,0 vezes ante 2,0 vezes obtido em igual período do ano fiscal anterior. No período, a companhia investiu (Capex) R$ 98,6 milhões, 62,9% menos que no quarto trimestre fiscal de 2021.

No acumulado do ano fiscal 2022, de março de 2022 a fevereiro deste ano, o lucro líquido da Camil cedeu 26,1% ante o ano anterior, para R$ 353,7 milhões. Já a receita líquida da empresa no período foi de R$ 10,206 bilhões, crescimento anual de 13,2%, sendo R$ 7,591 bilhões vindos da operação no Brasil e R$ 2,614 bilhões da frente internacional. O Ebitda da companhia avançou 13,6% na comparação anual, para R$ 919,8 milhões e a margem Ebitda se manteve estável em 9%.

No comunicado divulgado aos investidores, o diretor presidente da Camil, Luciano Quartiero, disse que a companhia apresentou indicadores recordes no ano, destacando a receita bruta recorde de R$ 11,7 bilhões. Segundo ele, esses indicadores recordes representam um novo patamar para a empresa "marcado pela concretização da estratégia de expansão por meio de aquisições no mercado doméstico e internacional". "No Brasil, agregamos ao nosso portfólio três novas categorias: massas, café e biscoitos. Esse é mais um importante passo para a diversificação da companhia, com categorias que detêm relevante potencial de crescimento e maior valor agregado. Esse passo consolida a Camil como plataforma de alimentos na América Latina com um mix cada vez maior de produtos e categorias com maior potencial de crescimento e de maior valor agregado", afirmou Quartiero.

O executivo ressaltou também que o segundo semestre do ano foi afetado pelo cenário econômico "desafiador" na América Latina, o que pressionou os resultados do setor de varejo de alimentos. "E, consequentemente, afetou o planejamento operacional de vendas e a rentabilidade da categorias de alto giro no Brasil (grãos e açúcar) e as vendas de arroz no Peru e no Chile. Como uma das maiores empresas de alimentos LatAm com marcas relevantes e atendimento a diferentes nichos de consumo no Brasil, conseguimos defender parte desses efeitos nos resultados", observou Quartiero.

Queda no volume de venda
A Camil Alimentos, multinacional brasileira, reportou queda de 16,1% no volume total vendido de seus produtos no quarto trimestre fiscal de 2022, encerrado em fevereiro deste ano, em relação a igual período do ano passado, para 466,4 mil toneladas. O maior recuo no volume vendido, de 20,8%, foi observado no segmento internacional, com 153 mil toneladas comercializadas. No Brasil, que representou 67% do volume comercializado pela Camil, as vendas da empresa recuaram 13,6% no quarto trimestre do ano fiscal de 2022 ante igual período de 2021, para 313,4 mil toneladas. O volume de vendas do segmento de alto giro (59% do total), formado por arroz, feijão e açúcar, foi 18,5% menor, enquanto o volume vendido na divisão de alto valor (8% do total), formado por pescados, massas, café e biscoitos, aumentou 47,2%.

No Brasil, a companhia observou, em relatório a investidores, dentro do segmento de "alto giro", que a redução do volume de vendas de grãos e açúcar ocorreu em virtude da "redução temporária de compras pelos varejistas durante o segundo semestre de 2022 - impacto nas marcas líderes e marcas de ocupação, principalmente em açúcar". As vendas de arroz em volume recuaram 17,3% na comparação anual, para 158,3 mil toneladas no quarto trimestre fiscal de 2022, enquanto o preço líquido do produto avançou 32%, para R$ 3,96/kg. As vendas de feijão da Camil totalizaram 22,2 mil toneladas no período, queda anual de 21%, enquanto o preço líquido subiu 28,9% para R$ 7,42/kg. Em açúcar, o preço líquido obtido foi 5,8% menor na comparação anual, para R$ 3,29/kg, enquanto o volume vendido da categoria recuou 19,7%, para 93,2 mil toneladas.

Na frente de alto valor agregado, a Camil apontou que o volume de vendas do segmento foi impulsionado pelo crescimento de vendas de pescados e pela entrada em café e biscoitos. O segmento de pescados mostrou aumento de 12,8% no preço líquido e alta de 47,2% no volume vendido, respectivamente para R$ 25,86/kg e 39,7 mil toneladas. O segmento de massas contribuiu com 16,4 mil toneladas vendidas, queda anual de 12,1%, com preço líquido de R$ 6,89/kg, 34,2% superior na comparação anual do quarto trimestre. O setor de café apresentou preço líquido de R$ 22,95/kg e 3,7 mil toneladas vendidas no trimestre. O segmento de biscoitos e cookies reportou 6,7 mil toneladas vendidas com preço líquido médio de R$ 8,98/kg. Ambos não possuem base comparativa em relação ao quarto trimestre fiscal do ano passado, porque são segmentos nos quais a empresa passou a atuar em março e novembro de 2022, respectivamente.

No mercado internacional, o destaque foi a queda de 25,9% no volume vendido no Uruguai na comparação com o quarto trimestre do ano fiscal de 2022 com o quarto trimestre do ano fiscal passado, para 106,1 mil toneladas. No Chile, a redução foi de 8,7% nas vendas, para 19,4 mil toneladas, enquanto, no Peru, o volume vendido recuou 5%, para 15,1 mil toneladas, e no Equador, as vendas da Camil cederam 4,4%, para 12,4 mil toneladas.

No ano fiscal de 2022, encerrado em fevereiro deste ano, o volume de vendas da Camil aumentou 0,6%, para 2,178 milhões de toneladas. No Brasil, o volume vendido caiu 4,1%, para 1,475 milhão de toneladas. "O crescimento do volume de vendas consolidado no ano foi afetado pela entrada em novas categorias e internacional. Destaque para o crescimento do portfólio de alto valor agregado, com lançamento da categoria de café em março/2022 e entrada em biscoitos em novembro/2022", ressaltou a companhia em comunicado aos investidores.

Já na operação internacional, o volume vendido cresceu 12,2%, para 703,2 mil toneladas. "Vale destacar que, no acumulado do ano, o resultado apresenta crescimento no Uruguai devido à maior disponibilidade de matéria-prima para exportação na safra 21/22, assim como pela entrada da Companhia no Equador. Esse resultado foi parcialmente compensado pela redução no volume de vendas do Peru e Chile", comentou a companhia no relatório.

No acumulado do ano, o Brasil representou 68% do volume vendido pela Camil e a frente internacional contribuiu com os 32% restantes.

Resultado abaixo da expectativa
Os resultados obtidos pela Camil Alimentos no quarto trimestre fiscal de 2022, encerrado em fevereiro deste ano, ficaram abaixo da expectativa da empresa, mas em linha com a tendência observada no terceiro trimestre do ano fiscal, disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Flávio Vargas. "Houve um movimento forte de ajuste de inventário ao longo de toda a cadeia do varejo e teve um impacto grande na demanda para a indústria, o que afetou nosso volume de vendas e nossa rentabilidade", afirmou Vargas, ao comentar os resultados do trimestre. A companhia atua em arroz, feijão, café, açúcar, massas, biscoitos e pescados.

O lucro líquido da companhia recuou 88,9% no 4º trimestre fiscal de 2022, para R$ 15,9 milhões, ante igual período do ano anterior. Já a receita líquida aumentou 10,8%, para R$ 2,512 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 33% na mesma comparação, para R$ 157 milhões, e a margem Ebitda (indicador de rentabilidade) cedeu 4,1 pontos porcentuais, encerrando o período em 6,2%. A empresa também reportou queda de 16,1% no volume total vendido de seus produtos no quarto trimestre fiscal de 2022, para 466,4 mil toneladas.

De acordo com Vargas, a desaceleração de vendas ao varejo no período é o fator que explica o achatamento dos principais indicadores financeiros da empresa. "O lucro líquido é resultado do volume menor e das despesas financeiras elevadas, que refletem o endividamento maior da companhia em virtude das operações de aquisições feitas nos últimos meses e do nível da taxa de juros - este 4 a 5 vezes superior em relação a igual período do ano anterior", comentou o executivo.

Quanto ao acumulado do ano fiscal de 2022, período de março de 2022 a fevereiro deste ano, Vargas aponta como destaque do ano a estratégia da Camil de ampliar a diversificação de seus negócios, com aquisição de novos negócios. "Do ponto de vista operacional, houve um crescimento expressivo com a empresa entrando e começando a se consolidar em novas categorias, como o avanço no negócio de massas (adquiriu a Santa Amália em setembro de 2021), a entrada em café (relançou o União em março de 2022 e adquiriu outras marcas) e a entrada em biscoitos (adquiriu a Mabel em agosto de 2022)", ressaltou Vargas.

Em relação aos resultados financeiros da empresa acumulados no ano fiscal findado, Vargas destacou o crescimento anual de 13,6% do Ebitda, para R$ 919,8 milhões. O lucro líquido da Camil cedeu 26,1% ante o ano anterior, para R$ 353,7 milhões, enquanto a receita líquida da empresa no período foi de R$ 10,206 bilhões, crescimento anual de 13,2%. "O grande ofensor (do crescimento) foi o maior nível de alavancagem por causa do investimento da companhia nas aquisições e do aumento expressivo na taxa de juros", justificou Vargas.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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