Agronegócios
06/05/2022 18:12

Exclusivo/Jean Fernandes: adubos e carnes são foco de viagem oficial a países árabes


Por Isadora Duarte

São Paulo, 06/05/2022 - O ministro da Agricultura, Marcos Montes, chega hoje à Jordânia, onde inicia um périplo pelos países árabes que se estenderá até 14 de maio, a fim de reforçar o comércio agrícola do Brasil com o bloco, com foco principal na importação de fertilizantes e na exportação de proteína animal, conta o secretário de Comércio e Relações Internacionais da pasta, Jean Marcel Fernandes, em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro. Parte das negociações - fertilizantes e proteína animal - ocorrerá diretamente com a iniciativa privada árabe. Já entre governos, "a agenda passa também por aberturas de novos mercados e segurança alimentar", acrescentou o secretário, que integra a comitiva, reforçando que a missão é de "alta prioridade" para o ministro.

Além da Jordânia, a delegação passará também por Egito e Marrocos. Na agenda da delegação governamental constam encontros com fabricantes de fertilizantes, importadores de proteínas e com representantes da Agricultura do governo de cada país.

Na Jordânia, o principal tema será o fornecimento, para o Brasil, de fertilizantes potássicos e fosfatados, e, no Egito, de nitrogenados. Já no Marrocos, fosfatados. "É um tema estratégico para o Brasil, pela alta dependência do País com fertilizantes, especialmente potássio. Já somos clientes desses países e um importante comprador desse insumo", disse. De acordo com Fernandes, não há um volume específico almejado pelo governo como meta de ampliação das compras. "A quantidade vai depender dos próprios agentes do setor privado. A mensagem que queremos passar é que, assim como contam com o Brasil como fornecedor de alimentos, contamos com a parceria deles como fornecedores confiáveis de fertilizantes", afirmou.

No ano passado, o Brasil importou 9,979 milhões de toneladas de adubos dos países da Liga Árabe, com desembolso de R$ 4,21 bilhões, o que representa 24% do total importado pelo Brasil. A principal origem é o Marrocos, que ocupa o quarto lugar no fornecimento total de adubos ao País em volume, atrás de Rússia, China e Canadá. Estudo apresentado pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira ao Ministério da Agricultura em março mostra que os principais países árabes exportadores de adubos para o Brasil poderiam mais do que dobrar suas vendas ao País.

Há também intenção de apresentar o potencial de atração de investimentos do Brasil. Ele contou que um player de fertilizantes já sinalizou interesse em expandir a operação por aqui - haverá encontro da comitiva ministerial com esta indústria. "A empresa já possui negócios no Brasil e temos a informação de que querem ampliar a operação", apontou. Fernandes também vê potencial para o Brasil comprar mais frutas, castanhas e temperos dos países árabes. "Vemos a necessidade de o Brasil diminuir um pouco o desequilíbrio da balança e aumentar importações de alguns itens. Do ponto de vista econômico e de logística, precisamos importar mais, até mesmo como carga de retorno", comentou o secretário.

Na frente da exportação, entre os produtos possíveis de serem ampliados na comercialização do Brasil aos países árabes, Fernandes cita frango e carne bovina, produzidas sob o método halal - cuja produção segue os princípios islâmicos. "São mercados significativos para proteínas brasileiras, principalmente Egito e Marrocos. Não temos nenhuma grande pendência com esses países em termos de abertura de mercado, mas temos algumas demandas de habilitação de novas plantas brasileiras para exportação, especialmente para o Egito", apontou.

Conforme Fernandes, uma lista de frigoríficos brasileiros foi enviada anteriormente ao país do Norte da África e aguarda, agora, avaliação dos órgãos competentes. A pasta pretende debater também com os pares árabes a possibilidade de adoção de habilitação de frigoríficos brasileiros no sistema de "pre-listing" - em que o ministério indicaria as plantas adequadas aos protocolos fitossanitáros para habilitação. Em 2021, as exportações de produtos do agronegócio brasileiro para a Liga Árabe cresceram 9,52%, alcançando receita de US$ 8,92 bilhões. Os principais itens da pauta exportadora, em faturamento, são açúcar, frango, milho, carne bovina e soja.

Além da pauta comercial, a segurança alimentar será outro tema a ser tratado pelo ministro com seus pares governamentais em cada um dos países visitados. "É um tema muito caro aos países árabes que não possuem condições de produzir o que consomem por questões climáticas. Eles dependem da importação de alimentos e vamos reforçar o fornecimento confiável do Brasil. Contribuições bilaterais sempre estão presentes nas discussões", acrescentou.

Agenda em Israel - Após a viagem aos países árabes, a comitiva ministerial, desta vez sem a presença do ministro, terá como destino Israel. A agenda no país, de 15 a 20 de maio, será ampla - desde a ampliação da importação brasileira de fertilizantes à tecnologia e inovação. O país é um polo de startups voltadas ao agronegócio, além de ser referência em ciência e irrigação.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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