Agronegócios
28/09/2020 09:53

Soja/Cepea: preços batem recorde nominal e se aproximam do recorde real no Brasil


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 28/09/2020 - Os preços da soja seguem em alta no Brasil e se aproximam do recorde real da série histórica, aponta o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em relatório semanal. As cotações já bateram o recorde nominal (sem considerar a inflação) no Porto de Paranaguá nesta semana. Os pesquisadores citam a demanda pelo grão para produção de farelo e óleo e a valorização do dólar frente ao real como fatores que contribuem para a elevação.

O indicador Esalq/BM&FBovespa para o Porto de Paranaguá (PR) subiu 8,4% entre 17 e 24 de setembro, para R$ 150,86/saca. Este é o maior valor nominal da série do Cepea, iniciada em março de 2006, e está apenas um pouco abaixo do recorde real, de R$ 153,40/saca, registrado em 31 de agosto de 2012 (valores deflacionados pelo IGP-DI de agosto/20). A média mensal parcial desse indicador em setembro está em R$ 136,90/saca, a maior desde setembro de 2012, quando atingiu recorde real, de R$ 144,59/saca.

Ainda conforme o Cepea, os preços no interior também estão em alta, operando na casa de R$ 150/saca em regiões do Centro-Oeste, mas os pesquisadores apontam serem valores nominais, com quase nenhuma efetivação de negócios. O indicador Cepea/Esalq Paraná avançou 5,9% de 17 a 24 de setembro, para R$ 144,88/saca. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores da soja subiram 4,7% no mercado de balcão e 4,9% no de lotes no mesmo intervalo.

De acordo com os pesquisadores, a alta do grão vem desafiando as indústrias brasileiras. "O lado bom é que esses demandantes indicam estar conseguindo repassar a valorização do grão aos derivados, diante da firme procura por farelo e óleo de soja", apontou o Cepea. Com isso, na cidade de São Paulo, os valores do óleo de soja (com 12% de ICMS) avançaram 6,5% de 17 a 24 de setembro, para R$ 6.821,08/tonelada - recorde nominal da série, iniciada em julho de 1998. Quanto ao farelo, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea os preços subiram 6,8% no mesmo período. O Cepea cita ainda a valorização do dólar frente ao real, que torna os produtos brasileiros mais atrativos aos importadores, "cenário que voltou a elevar a competitividade entre consumidores domésticos e externos".

Para a safra 2020/21, que começa a ser plantada, a subida das cotações estimula o fechamento de contratos antecipados, segundo o centro, que aponta estimativas de 60% da oferta esperada já comercializada no Brasil. "Certamente, a venda antecipada dará suporte aos preços no Brasil no médio prazo, deixando pouco espaço para quedas bruscas, mesmo com possível safra recorde", apontaram os pesquisadores.

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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