Agronegócios
10/05/2023 08:18

Minerva registra lucro líquido de R$ 114 milhões no 1tri23, estável ante 1tri22


Por Sandy Oliveira

São Paulo, 10/05/2022 - A Minerva Foods registrou lucro líquido de R$ 114 milhões no primeiro trimestre de 2023. O valor representa estabilidade (-0,52%) ante o lucro de R$ 114,6 milhões reportado em igual período de 2022. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 531,9 milhões, queda de 17,7% sobre os R$ 646 milhões verificados no mesmo intervalo do ano anterior. A margem Ebitda foi de 8,3%, ante 8,9% no primeiro trimestre de 2022.

A receita líquida obtida entre janeiro e março somou R$ 6,381 bilhões, 11,7% a menos sobre os R$ 7,229 bilhões obtidos nos três meses do ano anterior, segundo a empresa. As exportações continuam correspondendo a mais da metade da receita obtida pela Minerva, cerca de 63% do acumulado, ou R$ 4,260 bilhões, enquanto o mercado interno foi responsável por quase 40% do total, ou R$ 2,549 bilhões.

A empresa diz, em comunicado, que o resultado destaca a assertividade da estratégia de diversificação geográfica. “Fundamental durante o período das suspensões temporárias da carne bovina brasileira para a China, nos proporcionando um footprint, flexibilidade operacional e comercial. Atendemos à demanda dos chineses, por meio de nossas operações na Argentina e no Uruguai”, comenta.

O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 2,6 vezes, superior a um ano antes, quando o índice era de 2,5 vezes. Segundo a companhia, a mudança ocorreu após o desembolso de R$ 245,2 milhões para a aquisição da Australian Lamb Company (ALC).

A Minerva também informa que o volume de vendas subiu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, passando de 275,7 mil toneladas para 277,4 mil toneladas. A jornalistas, o CFO da Minerva, Edison Ticle, disse que o resultado foi beneficiado, em parte, pelas vendas da ALC que “vieram full no período” acrescentando cerca de R$ 500 milhões nas vendas da empresa. “Ajudou a compensar outras operações”, acrescenta. Em contrapartida, no primeiro trimestre de 2023, os abates diminuíram 4,3%, para 836,3 mil cabeças.

De acordo com o CEO da empresa, Fernando Galletti, a Minerva mostrou desempenho positivo em um trimestre desafiador e, como estratégia, segue integrando as operações. “Estamos alavancando o bovino dentro dos canais de ovinos e de ovinos dentro dos canais de bovinos. Tudo isso para que os nossos clientes tenham mais disponibilidade e para que estejamos mais próximos do consumidor final”, diz.

A companhia afirma, ainda, que efetuou o pagamento de dividendos complementares no montante de R$ 208,6 milhões, ou cerca de R$ 0,36/ação. No exercício fiscal de 2022, a distribuição de proventos da Minerva totalizou R$ 336,7 milhões ou R$ 0,58/ação.

Capital de giro negativo
O capital de giro da Minerva Foods ficou negativo em R$ 840 milhões no primeiro trimestre de 2023, afirmou o CFO da Minerva, Edison Ticle. "Todo mundo teve que financiar um pouco a cadeia após o caso das Americanas. Optamos por financiar fornecedores que, em sua maioria, são os pecuaristas", disse. O período não foi favorável para a tomada de crédito, já que, além dos juros altos, a gigante do varejo e marketplace Americanas informou ter "inconsistências" contábeis de R$ 20 bilhões. Ticle argumenta que, no período, os bancos deixaram de financiar "em alguma medida" os fornecedores por esse motivo.

Para o executivo, a expectativa é a de que parte desse capital de giro retorne à companhia nos próximos trimestres, em parte pela maior oferta de boiadas que foram adquirida no período, ou mesmo pelos fornecedores, que vão depender menos de financiamentos e, com isso, o capital de giro não precisará mais ser utilizado para este fim. "Nós não só ajudamos a cadeia, mas melhoramos nossa margem. (Por exemplo) quando se paga à vista, temos desconto, o que influencia na margem bruta e no Ebitda da empresa", comenta. De acordo com Ticle, o fluxo de caixa da Minerva é conservador, mas neste trimestre a empresa optou por "colocar o dinheiro para trabalhar e ajudar a garantir melhores margens para as operações".

Após o Brasil registrar um caso atípico de "vaca louca" e deixar de exportar carne bovina por um mês à China, o CEO da Minerva, Fernando Queiroz, ponderou que, com a ausência do país entre os principais importadores, a empresa deslocou volumes que seriam exportados a partir do Brasil para as unidades da Argentina e do Paraguai. Nesse sentido, o aumento no faturamento dos outros países compensou possíveis quedas de margens nas outras operações no primeiro trimestre do ano e garantiu resultados financeiros positivos, conforme os reportados.

Queiroz disse, ainda, que a suspensão da China gerou "represamento de estoques" e que é preciso aguardar para entender melhor "como será a demanda nos próximos meses". Apesar disso, ele garante que os chineses "estão demandando bem".

Contato: sandy.oliveira@estadao.com
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