Agronegócios
26/12/2017 08:55

Perspectiva: investidor monitora clima na Argentina e nos EUA e vendas de soja e milho


São Paulo, 26/12/2017 - Após o feriado do Natal, investidores do mercado futuro de soja, milho e trigo iniciam a semana mais curta tendo no radar o clima em regiões produtoras destas commodities e a comercialização de grãos. No caso da soja, as exportações do produto brasileiro passam a ser monitoradas com maior atenção, após as cotações terem sido pressionadas ao longo da semana passada por previsões de clima favorável ao desenvolvimento das lavouras na América do Sul. Os futuros do milho tendem a ser mais orientados por sinais de demanda pelo produto dos EUA, enquanto os do trigo têm sido sustentados por dados climáticos para as Grandes Planícies do país.

Com relação à soja, a maior relevância dada a partir de agora à comercialização de grãos da América do Sul aumenta a também a influência do comportamento do dólar ante o real. A alta da moeda norte-americana em relação à brasileira tem estimulado agricultores brasileiros a negociarem seu produto com exportadores, elevando a oferta do grão e trazendo ao mercado futuro uma tendência de baixa. No último dia da semana passada, o dólar à vista fechou em alta de 0,85%, cotado a R$ 3,3386, maior patamar desde 23 de junho. "O produtor do Brasil até então vinha esperando que o dólar chegasse a R$ 3,40 para fazer mais volumes. Com a queda recente dos futuros em Chicago, é possível que eles elevem um pouco sua meta de câmbio", disse o analista Stefan Tomkiw, do Société Generale, que acredita, apesar disso, na possibilidade de intensificação dos negócios. Na sexta-feira, o vencimento janeiro da soja ganhou 0,75 cent (0,08%) e terminou em US$ 9,4950 por bushel.

No que diz respeito ao milho, o mercado segue atento a sinais de demanda pelo produto dos EUA, que na sexta-feira puxaram as cotações para cima. Naquele dia, o vencimento março do cereal ganhou 0,75 cent (0,21%) e fechou em US$ 3,52 por bushel. Analistas apontam que a queda dos preços do milho neste ano tornou o produto dos EUA mais competitivo no mercado de exportação. Na quinta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que exportadores do país venderam 1,56 milhão de toneladas de milho da safra 2017/18 na semana anterior, 80% mais na comparação semanal e 82% superior à média dos últimos cinco anos. "A retomada da demanda deve ocorrer no médio e longo prazo. Nesta semana, as cotações tendem a andar de lado (com pouca oscilação). Mas já observamos, por parte de consumidores, como fábricas de ração, uma programação de compras de milho no longo prazo maior que de soja", disse Tomkiw.

Quanto ao trigo, traders tendem a continuar preocupados com o clima no sul das Grandes Planícies dos EUA. A previsão, até semana passada, era de uma onda de frio para a região nesta semana, com potencial para danificar parte das lavouras de trigo de inverno do país. Segundo o Commodity Weather Group, o risco de perdas é maior no norte do Kansas. Na sexta-feira, apesar destes dados, o trigo março perdeu 2,25 cents (0,53%) e fechou em US$ 4,2475 por bushel. Em Kansas City, igual vencimento do trigo duro vermelho de inverno recuou 2,00 cents (0,47%), para US$ 4,2225 por bushel. Investidores embolsaram lucros após o mercado ter acumulado valorização de 1,8% nas duas sessões anteriores.

Café: contratos caem 0,3% na semana
Os contratos futuros de café arábica acumularam desvalorização de cerca de 0,3% na semana passada na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), base março de 2018. Os contratos de arábica caíram 35 pontos no período em Nova York. As cotações encerraram na sexta-feira (22), a 120,40 centavos de dólar por libra-peso. No período, os contratos marcaram máxima de 124,05 cents (quarta, dia 20) e mínima de 119,50 cents (sexta, dia 22).

O Escritório Carvalhaes, tradicional corretora de Santos (SP), destaca em boletim semanal que o mercado de café apresentou-se calmo e desinteressado na semana passada, a penúltima do ano. "As cotações em Nova York alternaram dias de alta e baixa e os contratos com vencimento em março próximo acumularam uma pequena perda de 35 pontos. O dólar teve uma semana de alta frente ao real, compensando o recuo do café na ICE Futures US", diz Carvalhaes. O mercado físico brasileiro pouco trabalhou, acrescenta.

A exportação brasileira de café em dezembro não é animadora. Será difícil passar de 2,5 milhões de sacas e, com certeza, não atingirá 3 milhões. Portanto, o País deve encerrar 2017 com embarques ao redor das 30 milhões de sacas, possivelmente entre 30 milhões e 30,5 milhões de sacas.

A safra brasileira de 2017 foi de ciclo baixo e o País está sem estoques governamentais. Os estoques remanescentes de outras safras, em mãos de cafeicultores, não são significativos. "Com esse quadro, a exportação de café do Brasil no primeiro semestre de 2018 deve continuar lenta e abaixo do usual", estima Carvalhaes. Mesmo que cresçam a partir da entrada da nova safra 2018, dificilmente o País retornará no próximo ano ao volume exportado em 2016, quando foram embarcadas 34 milhões de sacas. Em 2019 novamente o País terá uma safra de ciclo baixo.

Açúcar: mercado deve se sustentar acima de 14 cents
O mercado futuro de açúcar demerara inicia a última semana do ano na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), tentando sustentar ganhos das últimas sessões. Ontem, segunda-feira, feriado de Natal, a bolsa ficou fechada. Na semana passada, apesar da queda na sexta-feira passada, os contratos se recuperaram e voltaram a ser cotados acima de 14 centavos de dólar por libra-peso.

Os futuros de açúcar demerara aceleraram perda no fim da sessão de sexta. O vencimento março acabou fechando em baixa de 1,15% (menos 17 pontos), a 14,60 cents. A máxima foi de 14,80 cents (mais 3 pontos). A mínima marcou 14,47 cents (menos 30 pontos). Mesmo assim, o primeiro vencimento, para março, acumulou ganho de 6,9% (94 pontos), na semana.

Os fundos de investimento e especuladores aumentaram o saldo líquido vendido em açúcar em Nova York, na semana encerrada em 19 de dezembro, conforme mostrou o relatório da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), com posicionamento de traders, divulgado na sexta. Esses participantes passaram de saldo líquido vendido de 88.677 lotes para 109.079 lotes.

(Clarice Couto e Tomas Okuda - clarice.couto@estadao.com e tomas.okuda@estadao.com)
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