Por Emilly Behnke
Brasília, 09/12/2019 - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 9, que a ida do vice-presidente Hamilton Mourão para a posse do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, é uma forma de “sinalização” para o país vizinho. Bolsonaro afirmou que a ida de Mourão será para "para não dar a entender que estamos fechando portas".
Segundo ele, a decisão foi de comum acordo. “Algumas autoridades falaram dessa possibilidade (de enviar alguém) e eu resolvi não ir. Mas, na última análise, conversei hoje à tarde com alguns ministros e achamos que seria melhor para não dar a entender que estamos fechando as portas para a Argentina”, declarou. "Não tenho ascendência sobre Mourão; conversei se ele poderia ir (à Argentina)", disse. O presidente disse também que ele não estará na posse de Fernández, mas que irá "uma representação de peso, com o vice".
"Já disse que não descansarei enquanto todos os países não tiverem liberdade e democracia", declarou ainda.
No início do dia, o presidente havia cancelado a ida do ministro da Cidadania, Osmar Terra, à Argentina. Bolsonaro justificou a decisão dizendo que ainda estava analisando a “lista de convidados”. Entre as autoridades com quem Bolsonaro conversou, está o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). “Eu conversei com o Rodrigo Maia sábado, hoje conversei com por telefone com ele. Ele esteve na Argentina há poucos dias”, disse, em frente ao Palácio da Alvorada. O presidente, contudo, não revelou o teor da conversa.
As relações econômicas do Brasil com o país vizinho pesaram na decisão. “Cogitou-se até a ida do Paulo Guedes tendo em vista os negócios que temos com a Argentina”, explicou. Bolsonaro ressaltou ainda que a Argentina é o maior parceiro comercial do Brasil na América Latina. “O que interessa para nós interessa para eles também.”
O lado comercial falou mais alto, mas o presidente destacou ressalvas ideológicas quanto à equipe de Fernández. “Analisando a equipe do presidente eleito, a gente sabe que alguns tem algumas restrições a aqueles nomes, não pelos nomes em si, mas pelo viés ideológico, pela política e, em especial, pelo entendimento de economia”, comentou.