Por Circe Bonatelli
São Paulo, 16/07/2021 - O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou hoje que a recuperação do setor está ocorrendo em um ritmo abaixo do seu potencial.
"O setor da construção é como uma Ferrari com freio de mão puxado", declarou há pouco, durante entrevista coletiva à imprensa. "Poderíamos ter recorde de contratações e geração de empregos. Mas uma série de temores aos empresários fizeram com que não chegássemos ao nível de atividade ao qual poderíamos chegar".
O principal problema, segundo ele, foi o recorde de alta nos custos de materiais. De acordo com a Sondagem da Construção realizada pela CBIC, 55,5% dos empresários consultados no segundo trimestre relataram problemas como disparada nos custos ou até mesmo desabastecimento.
O presidente da CBIC voltou a defender redução no imposto de importação do aço para favorecer a oferta de matérias para o mercado local.
Outro problema, segundo Martins, foram os ruídos na proposta de reforma tributária, que apontavam para um potencial aumento da carga tributária do setor. Segundo o presidente da CBIC, esse é um tema que continua provocando incertezas.
Martins também destacou a queda nos financiamentos com recursos do FGTS para a compra e a construção de imóveis. "O financiamento com FGTS estancou", disse, referindo-se à queda nos empréstimos dessa modalidade no primeiro semestre. O crédito via FGTS atende a produção de imóveis para população da baixa renda, onde se concentra 90% do déficit habitacional. "Os recursos do FGTS estão sendo voltados para outros fins. E o aumento de custo inviabiliza projetos nessa categoria", complementou.
A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, também alertou para a inflação acima da meta do governo e para a consequente elevação da taxa básica de juros, que tende a provocar aumentos nas taxas de juros do crédito imobiliário.
Pelo lado positivo, Vasconcelos citou projeções mais satisfatórias para o PIB nacional e uma melhora paulatina da confiança dos empresários. Outro ponto positivo é avanço recente no processo de vacinação.
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