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Republicanos em apuros

A ameaça de perda do controle do Congresso tem deixado lideranças do partido mais ansiosas

8 de dezembro de 2025

Por Fábio Alves

A vitória por uma margem mais apertada do que se imaginava, decidida também nas últimas horas, na eleição especial do estado do Tennessee para a vaga na Câmara dos Deputados, na semana passada, acendeu mais um alerta para o partido republicano em relação à eleição de meio de mandato para a renovação do Congresso americano em novembro de 2026. A ameaça de perda do controle do Congresso tem deixado as lideranças do partido republicano cada vez mais ansiosas.

O pano de fundo é a queda nos índices de aprovação do presidente Donald Trump, a insatisfação do eleitorado com o aumento no custo de vida, em razão das tarifas de importação, e a rebelião dentro do partido republicano com o escândalo dos arquivos do milionário Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais e morto em 2019.

Na semana passada, apenas com uma forte onda de gastos com propaganda e outros itens da campanha eleitoral é que o candidato republicano Matt Van Epps conseguiu derrotar o democrata Aftyn Behn. A diferença foi de nove pontos porcentuais. Mas a vantagem nessa mesma eleição, em 2021, havia sido de 21 pontos porcentuais. E o Tennessee é um tradicional estado conservador e que sempre votou em candidatos do partido republicano, quer seja para o Congresso, quer seja para pleitos presidenciais.

As mais recentes eleições especiais para cadeiras específicas no Congresso americano têm resultado em dissabores para os republicanos: quando não vencem por margem apertada, acabam sendo derrotados pelos democratas em desfecho surpreendente.

Na mais recente pesquisa Gallup, o índice de aprovação de Trump caiu para 36%, cinco pontos porcentuais a menos do que o levantamento anterior, de outubro. É também o seu menor índice deste segundo mandato de governo. Já a taxa de desaprovação subiu para 60%. Até entre os eleitores ouvidos na pesquisa e que se declararam como filiados do partido republicano, a aprovação de Trump caiu sete pontos porcentuais, para 84%.

Apenas 25% dos eleitores declarados como independentes disseram aprovar o governo Trump. O que tem mais desagradado o eleitorado em relação ao presidente americano é como ele tem conduzido a economia dos EUA: apenas 36% aprovam a política econômica de Trump, queda de seis pontos porcentuais em relação à última vez que essa pergunta foi feita na pesquisa Gallup.

A perda da maioria na Câmara dos Deputados na próxima eleição de meio de mandato poderá ressuscitar o pesadelo que Trump enfrentou no seu primeiro governo: naquela eleição de meio de mandato, em 2018, os democratas retomaram o controle da Câmara e, em seguida, aprovaram um pedido de impeachment de Trump, algo que foi barrado no Senado.

O que vem preocupando as lideranças republicanas é que os grupos de eleitores que decidiram o pleito presidencial de 2024 a favor do presidente – latinos; jovens adultos e independentes – têm-se mostrado decepcionados com as medidas tomadas por Trump, como as deportações em massa, as demissões em larga escala de funcionários públicos federais e o aumento do custo de vida.

Para piorar, o escândalo envolvendo os arquivos de Jeffrey Epstein azedou o humor e deflagrou acusações contra o presidente.

Para virar toda essa maré negativa, Trump vem lançando propostas de medidas populistas, mas que deverão turbinar o déficit fiscal, o que tem desagradado os investidores, caso saiam do papel. Uma delas é a proposta ventilada pelo presidente dos Estados Unidos de dar um cheque de estímulo (como o que aconteceu durante a pandemia de Covid !) de US$ 2 mil para os americanos, como forma de distribuir “dividendo” pelo aumento da arrecadação federal com a adoção do tarifaço.

Alguns comentaristas mais maledicentes da imprensa americana qualificaram a proposta como uma medida de desespero. Caso o apoio aos candidatos republicanos siga sendo corroído nas pesquisas de intenção de voto até a eleição de meio de mandato, não se descartam novas propostas mirabolantes de Trump para dar um gás na economia e ajudar o bolso dos eleitores.


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