Fechamento do Estreito de Ormuz não seria nada trivial: poderia levar a cotação do petróleo a US$ 130 o barril
2 de julho de 2025
Por Isabella Pugliese Vellani e Pedro Lima
Impressiona pensar que duas faixas de apenas três quilômetros de largura podem fazer o mundo inteiro prender a respiração. Mas é isso que acontece quando o Estreito de Ormuz, uma via marítima apertadíssima entre Irã e Omã, entra no radar das tensões geopolíticas. Foi o que aconteceu recentemente, quando as cotações de petróleo dispararam nos mercados globais após a ofensiva americana sobre Teerã. Só voltaram a se acalmar com a trégua entre Israel e Irã.
Antes do alívio, entretanto, Ormuz já era visto como “bicho-papão”, uma real ameaça, para o mercado de petróleo. Nada menos porque esse estreito, com 50 km de largura nas pontas e só 33 km no miolo, é responsável por transportar 20% do petróleo consumido no mundo. É um funil de proporções estratégicas – e perigosas.
Segundo relatório da Capital Economics, o medo de um fechamento do estreito, cogitado pelo Parlamento iraniano ainda em junho, foi o principal gatilho da volatilidade recente. Com os nervos à flor da pele, Washington chegou a pedir ajuda à China, maior parceira comercial do Irã, para evitar que Teerã colocasse seu plano em prática. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, foi chamado à ação.
O pedido americano não ficou sem resposta e o canal não foi interditado.
Os impactos de um fechamento real de Ormuz não seriam nada triviais. A Oxford Economics calcula que o petróleo poderia bater US$ 130 por barril, a inflação nos emergentes subiria para 5,2% até 2026 e o crescimento econômico nessas economias cairia a 3,5%.
Três quilômetros podem não parecer nada no mapa, mas quando se trata de Ormuz, fazem toda a diferença.
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