Ilha some de discursos de Trump enquanto ele consegue acesso a terras raras em outras partes do mundo
29 de julho de 2025
Por Laís Adriana
Faz meses (sim, meses!) que a Groenlândia sumiu do mapa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. De todos os temas defendidos pelo republicano e que causaram polêmica no início deste ano, a maior ilha do mundo é a única que saiu completamente da linha de discurso, parecendo cair no esquecimento —ao menos por agora. Mas por que será?
Parece ser fato consolidado que o maior interesse em controlar a Groenlândia seria o acesso a terras raras para, segundo Trump, garantir a segurança nacional das cadeias de oferta. Nesse sentido, tentar competir de frente com a China.
Desde a última menção sobre controlar a ilha, feita no início de maio, os EUA conquistaram uma série de acordos para explorar minérios críticos. Esse foi o preço ao orquestrar tentativas de paz na Ucrânia e entre Congo e Ruanda. Também foi o trunfo da China para conseguir uma trégua de 90 dias e interromper a escalada tarifária. Neste quesito, minérios críticos foram ainda sinônimos de moeda de troca para reduzir tarifas: caso da Indonésia, cujas alíquotas caíram para 19% depois de garantir a eliminação total dos controles de exportação para os EUA. Até o Brasil entrou nessa mira, com seu nióbio e outros bens de terras raras vistos como condicionais para reduzir as taxas de 50%.
É cedo para dizer se isso será o suficiente para minar completamente o interesse de Trump em dominar a grande ilha, anexar o Canadá como 51º Estado norte-americano, ou mesmo o fim do seu flerte com tendências imperialistas no geral. Ele não é o primeiro presidente dos EUA, ou o único, a seguir estratégias semelhantes e já até admitiu em entrevista à revista Time que não se importaria em também ser lembrado por expandir o território daquele país.
Talvez Trump ainda planeje algo nos bastidores e volte a falar sobre o tema em breve, afinal, como disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o presidente parece estar sempre dois passos à frente do que se espera. Talvez o sucesso dos acordos garanta a exclusão da Groenlândia do mapa-múndi da Casa Branca. Mas é inegável que Trump continuará a mexer nas peças do xadrez global para tentar garantir, sim, a América em primeiro lugar.
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