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A estrela democrata

Partido está pelejando para saber como lidar com seu novo astro em ascensão meteórica: Zohran Mamdani

6 de outubro de 2025

Por Fábio Alves
Ainda juntando os caquinhos da fragorosa derrota da eleição presidencial de 2024, para Donald Trump, o partido democrata está pelejando para saber como lidar com sua mais nova estrela em ascensão meteórica: Zohran Mamdani, o candidato que lidera com ampla margem a corrida eleitoral para prefeito da cidade de Nova York, cujo pleito acontece no próximo dia 4 de novembro.

Os velhos líderes do partido democrata ainda não abraçaram a campanha de Mamdani, que atualmente exerce mandato de deputado na assembleia estadual de Nova York. Somente há duas semanas que a ex-vice-presidente Kamala Harris anunciou seu apoio público. Muito pouco antes, foi a vez da atual governadora de Nova York, Kathy Hochul. Mas só!

Entre aqueles que ainda não endossaram a campanha de Mamdani, alguns chamam mais a atenção: o senador pelo Estado de Nova York e líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, ainda está em silêncio, assim como o líder dos democratas na Câmara dos Deputados, Hakeem Jeffries -este representando um distrito do bairro nova-iorquino do Brooklyn.

E por que Mamdani está causando tanto desconforto na liderança do seu partido?

Talvez, seja o seu posicionamento político. Ele se descreve como “democrata socialista”. Muitos jornalistas e analistas têm pedido para ele detalhar o que seria exatamente um “democrata socialista”. Mamdani é da ala mais à esquerda no partido. E sua plataforma de campanha tem sido agressiva em temas que deixam desconfortáveis os políticos que estão mais ao centro no partido democrata.

Nas primárias para escolher o candidato democrata à eleição para prefeito, Mamdani derrotou o experiente ex-governador Andrew Cuomo com uma vantagem de sete pontos porcentuais, com a ajuda de eleitores mais jovens e que se mudaram recentemente para a cidade de Nova York em razão de questões profissionais. Já Cuomo recebeu o apoio de um eleitorado mais velho, além de bolsões do eleitorado negro nos bairros mais periféricos da cidade.

O carro-chefe da campanha de Mamdani durante as primárias democratas foi o custo de vida, especialmente a alta dos aluguéis na cidade nos últimos anos, um ponto sensível para os eleitores mais jovens, em particular os que se mudaram para bairros como Brooklyn e Queens. Além disso, Mamdani está fazendo uma campanha agressiva e inovadora nas redes sociais, algo que sempre foi o ponto forte dos republicanos, como se viu na campanha vitoriosa de Donald Trump em 2024.

O engajamento de Mamdani se deve em parte ao seu perfil: jovem (33 anos de idade), atlético e bonitão. Outra novidade: é o primeiro candidato de origem muçulmana à eleição para a prefeitura da cidade. Ele nasceu em Kampala, na Uganda, e mudou-se com sete anos de idade para Nova York. Graduou-se em Estudos Africanos pela Bowdoin College, onde ajudou a fundar a seção do movimento “Estudantes por Justiça na Palestina” no campus da faculdade.

Se vencer a eleição para prefeito de Nova York, um cargo com grande visibilidade nacional, Mamdani deverá colocar em xeque não somente os líderes mais antigos do partido, como também o establishment político de Washington. Mas o dilema está posto: de um lado, o partido democrata precisa se renovar depois da derrota acachapante em 2024, de outro, não quer perder as rédeas para uma ala mais radical na figura de Mamdani. Não à toa, o único a estar ao seu lado na campanha eleitoral à prefeitura é o senador Bernie Sanders, o parlamentar mais progressista do partido.

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