Empreendedoras criam aplicativos de transporte feminino em suas cidades

Rio de Janeiro--(DINO - 04 set, 2018) -
Os aplicativos de transporte feminino tem sido a resposta que muitas empreendedoras têm dado aos casos alarmantes de violência contra as mulheres.

Segundo levantamento do G1, 946 mulheres morreram vítimas de feminicídio em 2017. Já o Instituto Maria da Penha mostrou que a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência no Brasil.

No mercado de aplicativo de transporte são recorrentes os relatos de assédio e outros tipos de violência contra a mulher. Tanto com as clientes quanto com as motoristas. O que levou inclusive uma série de mulheres a relatarem em uma carta alguns casos de violência ocorridas em suas viagens.

O resultado é o aumento na insegurança delas que querem começar a trabalhar como motoristas ou que querem pegar um transporte.

No Brasil, alguns apps de transporte só para mulheres já começam a fazer muito sucesso, é o caso do Madame Driver, um aplicativo manauara feito pela motorista Soraia Pinheiro e o publicitário Luís de Souza Castro.

Soraia conta que viajou para São Paulo e durante uma conversa com seu cunhado descobriu a existência de aplicativos de transporte feminino.

“Assim que voltei para Manaus, entrei em contato com a CEO da Lady Driver para saber quando chegaria na cidade e ela falou que era difícil ter uma previsão, já que Manaus é uma cidade muito distante de São Paulo, onde fica a sede da empresa”, conta Soraia.

Luís, que na época trabalhava em uma agência de publicidade, fez uma campanha nas redes sociais sobre aplicativos. “Quando Soraia viu essa campanha ela entrou em contato comigo e perguntou se seria possível criar um aplicativo de transporte feminino em Manaus, eu disse que sim, mas que seria necessário muito dinheiro. Foi quando começamos a pesquisar e descobrimos a Driver Machine, uma plataforma que desenvolve aplicativos de transporte com um ótimo custo benefício”.

Soraia fala que apesar do aplicativo ser bem jovem, a recepção do Madame Driver tem sido muito alta, tanto no número de downloads quanto no engajamento das cliente e motoristas nas redes sociais. “A gente frisa o empoderamento feminino e que o Madame Driver não é apenas um aplicativo de transporte, mas também uma oportunidade de negócio”.

Enquanto consolidam o mercado manauara, o Madame planeja expandir inicialmente para o norte do Amazonas e logo depois para Belém do Pará, onde muitas clientes inclusive já instalaram o app. “Se conquistarmos essas regiões, iremos expandir para todo o Brasil com um modelo de franquia”, revela Luís.

Outro exemplo de sucesso no mercado de aplicativo feminino é o Woman’s Driver em Joinville. A dona do aplicativo, Rose Cuareli, conta que começou a trabalhar como motorista particular quando precisou deixar seu emprego de caminhoneira, devido a um problema na coluna.

Ela relata que também passou por experiências de assédio quando um passageiro bêbado entrou no seu carro e ficou insinuando para eles irem a um motel.

“Muitas colegas que hoje rodam no nosso aplicativo, quando viam que era um passageiro homem, cancelavam a corrida e o que queríamos era gerar seguranças para nós motoristas e para elas como clientes”.

Ao rodar por outros aplicativos muitas passageiras perguntavam para Rose se não seria possível chamar uma motorista mulher, foi quando ela começou a fazer uma clientela feminina para corridas particulares. “É um público muito grande, hoje cerca de 80% de quem pede um transporte por aplicativo são mulheres”.

Desenvolvido também pela Driver Machine, a Woman's Driver chega em Florianópolis no próximo dia 6 de setembro e até o final do ano deve chegar na região de Balneário Camboriú, uma das principais cidades turísticas do país. “A intenção é espalhar o projeto para outros lugares do Brasil, já que a Lady Driver só tem em São Paulo e Rio”, diz Rose.

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