Política
19/09/2017 06:52

Planalto vê Geddel instável e com chance de delatar


Brasília, 19/09/2017 - Palácio do Planalto se preocupa hoje mais com a possibilidade de o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso desde o dia 8, fechar acordo de delação premiada e envolver o presidente Michel Temer, do que a denúncia oferecida pela Procuradoria-geral da República na semana passada, que na prática pode apear mais rapidamente o peemedebista do cargo.

A avaliação de auxiliares próximos a Temer é que a segunda denúncia oferecida pelo hoje ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusa o presidente de liderar uma organização criminosa e de obstrução da Justiça, terá um placar mais favorável que a primeira quando chegar ao plenário da Câmara. Em agosto, quando a PGR acusou Temer por corrupção passiva, 263 deputados votaram por barrar a denúncia.

Já em relação a Geddel, a avaliação no Planalto é que a situação é “praticamente incontornável”, depois que a Polícia Federal encontrou R$ 51 milhões em dinheiro, cujas notas tinham as impressões digitais do ex-ministro.

Até a primeira prisão do ex-ministro, no dia 3 de julho, baseada em depoimentos do corretor Lúcio Bolonha Funaro e de sua mulher, Raquel Pitta, a avaliação era de que seria possível obter sucesso na defesa técnica, uma vez que não existiam provas concretas da tentativa de obstrução de Justiça.

A apreensão do dinheiro, entretanto, segundo os investigadores, colocou por terra o discurso da defesa de que as acusações eram versões de delatores interessados em benefícios. Os R$ 51 milhões materializaram as provas necessárias para sustentar as afirmações dos colaboradores. A homologação da delação de Funaro fortaleceu a tese da acusação contra Geddel.

Além disso, o ex-diretor de Defesa Civil de Salvador Gustavo Pedreira, apontado como homem de confiança de Geddel, cujas impressões digitais também foram encontradas nas notas, afirmou estar disposto a colaborar com as investigações e já confirmou ter buscado dinheiro em São Paulo a pedido de Geddel. Não está descartada a possibilidade de o ex-ministro ser alvo de mais denúncias.

Distanciamento. Geddel fazia parte do núcleo duro do PMDB comandado por Temer, que inclui ainda os atuais ministros - e também investigados Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). A avaliação no Planalto é de que Geddel é temperamental e emotivo e, por isso, que não aguentaria muito tempo na prisão. Essas características, reconhece um auxiliar, podem aumentar ainda mais as chances de o ex-ministro fornecer informações em troca de benefícios.

Apesar disso, o discurso no Planalto é que se Geddel fechar acordo de colaboração premiada, não haverá nada de comprometedor contra o presidente. Ainda assim, a ordem no Planalto tem sido se distanciar ao máximo do ex-ministro. Desde que foram descobertas as malas com os R$ 51 milhões os principais interlocutores do presidente evitam o assunto ou, quando abordados, dizem que ele não se refere ao Planalto.

Procurada, a defesa de Geddel não se manifestou até a conclusão desta edição. (Carla Araújo e Tânia Monteiro)
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