Política
14/07/2017 08:37

ONU estima que 30 mil venezuelanos já fugiram para o Brasil e que fluxo deve aumentar


Genebra, 14/07/2017 - A ONU alerta para uma "explosão" no número de refugiados venezuelanos e um fluxo inédito de pessoas buscando asilo em países da região. Dados divulgados nesta sexta-feira pelas Nações Unidas apontam que, nos seis primeiros meses de 2017, um total de 52 mil venezuelanos pediram asilo no exterior. Em todo o ano de 2016, esse número havia sido de 27 mil.

No total, mais de 30 mil venezuelanos estariam vivendo no Brasil, muitos deles de forma irregular.

"Considerando a situação na Venezuela, projeta-se que as pessoas continuarão a deixar o país", alertou o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). A entidade indicou que está incrementando sua presença na região, já prevendo um fluxo ainda maior de refugiados e migrantes.

Oficialmente, o principal país de destino dos venezuelanos tem sido os EUA, com 18,3 mil pedidos de asilo apenas em 2017. O Brasil, porém, vem em segundo lugar. Apenas em seis meses, foram 12,9 mil solicitações oficiais. Na Argentina, outros 11,7 mil pediram asilo, contra 4,3 mil na Espanha. No total, 15 países receberam pedidos de refúgio por parte dos venezuelanos.

Apesar do salto, a ONU alerta que esses números representam "apenas uma fração do total de venezuelanos que estejam precisando de proteção internacional, já que muitos não se registram, mesmo que tenham declarado que fugiram por conta da violência, insegurança e da incapacidade diária de atender a suas necessidades de subsistência".

De acordo com a ONU, os países latino-americano tem se mostrado generosos. Mas, diante dos obstáculos burocráticos, longos períodos de espera estão sendo registrados, além de taxas altas que cobram os governos para processar o pedido de asilo. Isso, na avaliação do porta-voz do Acnur, William Spindler, está levando muitos venezuelanos a "permanecer em uma situação irregular", ao invés de usar os mecanismos legais.

"Estima-se que entre os venezuelanos que vivem na Colômbia, Trinidad e no Brasil, muitos estejam em situação irregular", afirmou. De acordo com Spindler, a entidade está trabalhando com os países da região para incrementar os registros, reforçar a capacidade de recepção e dar assistência humanitária.

"Diante de grandes números de chegadas, esses três países começaram a implementar planos de respostas", explicou, indicando que Brasil e Colômbia tem tentado coordenar suas estratégias.

O Acnur ainda destaca que, no Brasil, a entidade está disponibilizando recursos para que ações sejam realizadas em Boa Vista, Pacaraima e Manaus. A Polícia Federal, com a ajuda da ONU, ainda enviou um número maior de oficiais para Roraima para ajudar no registro de pedidos de asilo.

Ainda assim, a ONU está preocupada com a segurança desses refugiados, falta de documentação, violência sexual, exploração e abusos, além de falta de serviços. "Em certas áreas, grupos armados e grupos criminosos estão explorando os venezuelanos", alertou.

O caso dos grupos indígenas vivendo entre Brasil e Venezuela também é de especial interesse para a ONU, que insiste que essas comunidades precisam contar com uma resposta diferenciada.

"O Acnur reitera seu apelo para que estados protejam os direitos dos venezuelanos, em especial o direito a pedir asilo", disse Spindler. A ONU apelou ainda para que governos não expulsem venezuelanos de volta ao seu país de origem neste momento e que ajudem essa população a regularizar sua situação. (Jamil Chade, correspondente)
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