Política
03/06/2020 10:34

Economista do Observatório da Longevidade diz que manifestações são fruto de catarse popular


Por Elizabeth Lopes

São Paulo, 03/06/2020 - O País tem convivido cada vez mais com manifestações favoráveis e contrárias ao governo do presidente Jair Bolsonaro, algumas com pautas antidemocráticas que pedem, por exemplo, o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao contrário dos recorrentes protestos populares dos últimos 5 anos, os atuais caminham céleres para a violência e o enfrentamento e não podem ser avaliados com base em um entendimento raso da realidade. O que nós estamos vendo é uma catarse popular. A avaliação é do economista Fabio Nogueira, fundador do Observatório da Longevidade, um centro de estudos focado em temáticas emergentes, principalmente o impacto do rápido envelhecimento da população nas cidades e mercados e uma plataforma de geração de novos negócios.

Na avaliação de Nogueira, as pessoas estão absolutamente cansadas de Bolsonaro, de sua verborragia vulgar e de suas atitudes inadequadas, além de exauridas de ficar em casa por quase três meses. "Todos estão cansados dos improvisos nas gestões estaduais e municipais, da falta de emprego e do aumento extraordinário do desemprego, da progressiva agressão às leis por parte do STF, de um Congresso que come caviar desaforadamente enquanto a população come o que sobra, de políticos que aproveitam de uma pandemia para catapultar suas ambições políticas, de outros tantos políticos que decretam calamidade pública para poder importar equipamentos superfaturados e das fake news e das infindáveis postagens agressivas em mídia social", complementa, para explicar a catarse popular.

O fundador do Observatório da Longevidade continua sua avaliação dos motivos que estão levando a tal catarse, lembrando grupos políticos que foram presos por roubar a nação e depois foram soltos por um STF visto por muitos como corrupto e estão agora se sentido autorizados a estimular todo tipo de agressão. Ele cita ainda a falta de organização que vem levando crianças e adultos a ficarem sem aula, sob risco de perder o ano letivo e o desespero das pessoas, em geral, por verem seus familiares, sobretudo os do grupo de risco, confinados em casa indefinidamente, deprimidos por uma doença ainda sem antídoto, que pode matar em duas semanas.

Segundo ele, o fato é que muita gente moderada acabou embarcando na onda dessas manifestações e agora as mídias sociais ficam ocupadas por mais um aceso e agressivo debate em torno do antifascismo, "esta expressão que acabou se tornando sinônimo de 'sou contra'”. E continua: "O País está estragado de ponta a ponta. Para onde as pessoas olham, só existe decisões ruins, mau uso de dinheiro público, limitações, perdas, sofrimento, fome, angústia. Nesse contexto, paus-mandados na rua quebrando tudo e mexem com a raiva adormecida pela sociedade em seu inconsciente coletivo. Raiva, fome e desespero são matéria-prima essencial e suficiente para uma guerra civil. Ou a um novo 1964."

Contato: elizabeth.lopes@estadao.com
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