Política
26/05/2018 18:55

Temer endurece mais ao assinar decreto de requisição de veículos


Brasília, 26/05/2018 - Apesar de os ministros terem dito nas entrevistas de sexta-feira que o decreto de autorização de requisição de veículos particulares era um instrumento que estava na gaveta, para ser em último caso, o presidente Michel Temer decidiu assiná-lo. Foi mais um passo de endurecimento com o caminhoneiros, com que o Planalto está em queda de braço desde ontem, quando não cumpriram o acordo de desobstruir as estradas e liberar as bases de distribuição para a saída de caminhões de combustíveis. A decisão foi tomada depois da reunião de Temer com os ministros, na manhã deste sábado que consideram importante abrir caminho para entrar em todas as refinarias e viabilizar a distribuição de combustível, com militares dirigindo os caminhões.

O decreto de requisição de veículos foi considerado fundamental pelo governo para poder liberar as 11 bases de distribuição. Do total, uma já foi desobstruída, a refinaria de Duque de Caxias e a operação em Paulínia começou no início da tarde de hoje. Desde cedo o Ministério da Defesa já trabalhava com essa possibilidade de ter de atuar nas refinarias, dirigindo caminhões, na reunião que está sendo realizada, ainda no Quartel General do Exército, com representante das três forças.

Paralelamente ao desenho da estratégia da logística da operação, as três forças já começaram a trabalhar na seleção de motoristas que vão operar esses caminhões das refinarias. Eles precisam ter habilitação dos tipos C e D, especiais para conduzir este tipo de caminhões.

O foco destas ações em que a requisição de veículos será realizada são os 11 pontos de distribuição de combustíveis, refinarias e portos. Além da Reduc, no Rio, e Paulínea, em São Paulo, outras oito ainda estão sem acesso e são a prioridade de atuação das Forças Armadas, nas próximas horas. São elas Araucária (PR), Suape (PE), Betim (MG), Canoas (RS), Manaus (AM), Brasília (DF), e São Caetano, São José dos Campos e Barueri, em São Paulo.

Para todas elas serão deslocados militares do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica para que viabilizem que a desobstrução das vias. Esta operação, no entanto, o governo sabe que não é simples e nem rápida porque demanda uma logística complexa por parte das Forças Armadas e o Exército, por exemplo, está buscando adequar as tropas às logísticas estabelecidas. Nelas, os militares pegariam os caminhões da Petrobrás que lá se encontram e o dirigiriam até as distribuidoras, com escolta também de militares.

Um próximo passo que já está no radar e será adotado com a subida em mais um tom na guerra contra o setor e a desobstrução pela força nas estradas. O governo está disposto a agir neste sentido, embora sempre se saiba que há um risco de confronto nestes casos, motivo de apreensão pelas Forças Armadas. Apesar do temor, os militares concordam e reconhecem que o momento é crítico e as desobstruções não estão acontecendo na velocidade que se esperava.

A desobstrução de estradas é uma operação considerada "muito delicada". O Exército alega não ter equipamentos totalmente adequados para isso em todas as regiões do País, com dificuldade maior no Nordeste. A maior parte dos equipamentos que poderiam ser usados está no Sudeste e Cento Oeste. Para as Forças Armadas, um embate com os caminhoneiros seria um desgaste muito grande, que os militares querem evitar a qualquer custo.

(Tânia Monteiro)
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