Política
20/01/2021 15:41

Capacidade de produção de vacina contra covid em SP está esgotada, diz gestão Doria


Por Bruno Ribeiro

São Paulo, 20/01/2021 - A matérias-primas para a produção de mais doses de vacina contra a covid-19 no Brasil “já foi quase que totalmente processada”, segundo informou nesta quarta-feira, 20, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, o que esgota a capacidade de fabricação do imunizante.

O anúncio foi feito em uma entrevista coletiva convocada pelo governador João Doria (PSDB) para tratar de ações de combate à doença, em que Covas novamente apelou para que o governo federal, em especial o presidente Jair Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se empenhem para acelerar a importação dos insumos da China.

Embora o Butantan tenha capacidade de finalizar e distribuir cerca de 1 milhão de doses por dia, essa produção depende do recebimento dos insumos. E, até que a produção atinja essa capacidade, é preciso um período de até seis dias para ajustes na fábrica do instituto, de acordo com o presidente.

"Peço ao nosso presidente, ao nossso ministro das Relações Exteriores, que nos ajude a aplainar essa relação com a China e que haja procedimentos, haja solicitação para que os procedimentos burocráticos para esta exportação aconteça no mais curto período de tempo", disse Covas.

Segundo Covas, o Butantan aguarda autorização do Ministério das Relações Exteriores da China, última instância burocrática para a exportação dos insumos, para conseguir importar mais 5,4 mil litros de matéria-prima, que são capazes de produzir cerca de 5 milhões de novas doses da Coronavac.

“No governo chinês, a burocracia envolve três instâncias. O Ministério da Saúde, o chamado NMPA, que é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) da China e a aduana. Tem que passar por essas três instâncias e, adicionalmente, o Ministério das Relações Exteriores”, afirmou. “A autorização já tem a autorização dessas três primeiras instâncias e aguardamos a última.”

O acordo do Butantan com o laboratório Sinovac, entretanto, se encerrará em abril, quando a empresa chinesa terá terminado de enviar material suficiente para produção de 46 milhões de doses. Depois disso, segundo Covas, até há a possibilidade de uma remessa a mais de material para 54 milhões de doses, mas essa segunda opção de compra está condicionada a um pedido do Ministério da Saúde, que até agora não foi feito.

“Nesse momento, não existe ainda nenhuma manifestação nesse sentido, e só tratamos das 46 milhões de doses. Estamos absolutamente ansiosos para saber se haverá a encomenda adicional dessas 54 milhões de doses porque certamente elas serão necessárias. E se houver essa necessidade já prevista por todos, seria bom o ministério se manifestasse para que começássemos a nos preparar para essa produção.”Além da matéria-prima encomendada pelo Butantan, cujo fornecimento está sendo feito pela empresa Sinovac, o Brasil ainda aguarda material da China que será enviado para a Fiocruz, que produzirá a vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford.

A Anvisa concluiu nesta terça-feira, o processo de análise da documentação do pedido de autorização para uso das 4,8 milhões de doses de vacina produzidas no instituto a partir de insumos vindos da China. Mas o material disponível no País para a produção de imunizantes já foi praticamente todo consumido, segundo disse o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, presente na coletiva. “Dependemos de importação de quantidades adicionais de matéria-prima”, disse.

Covas afirmou que há 5,4 mil litros de insumos para a produção de vacinas prontos na China, “que darão origem a 5 milhões de doses”. Segundo ele, após isso, haverá uma nova partida de 5,5 mil litros da empresa para São Paulo. O diretor do instituto ainda pediu que o governo federal auxilie as tratativas com o governo chinês para acelerar a liberação das matérias-primas, citando o presidente Jair Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

São Paulo aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso de mais 4,8 milhões de doses da Coronavac, além das 6 milhões que já estão sendo usadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O compromisso do Instituto Butantan com o Ministério da Saúde foi que, até 31 de janeiro (domingo), seriam repassadas 8,7 milhões de doses do imunizante.

Ainda segundo Covas, diante do atraso já anunciado para a liberação de insumos para a Fiocruz, que estava prevista para janeiro mas só vai ocorrer em março, as vacinas do Butantan são as únicas disponíveis. “Isso coloca o Butantan sob a responsabilidade de ser o único fornecedor de vacinas”, disse o presidente, ao pedir novamente ajuda do governo federal.

Nesta terça, 19, Doria e autoridades de governo percorreram cidades do interior de São Paulo em cerimônias simbólicas para marcar o início da aplicação de vacinas a profissionais de Saúde. A vacinação de idosos e os demais grupos de risco, entretanto, ainda não tem data para ser iniciada.

Durante a coletiva, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que “estamos em uma franca pandemia em curso”, mas que “tivemos de priorizar aqueles profissionais, trabalhadores da área de frente” nas ações de vacinação frente ao ainda insuficiente número de vacinas disponíveis. “Precisamos de muito mais vacinas”, afirmou

A taxa de ocupação nos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Estado chegou a casa dos 70%. “Tivemos um aumento significativo na Grande São Paulo, em que passamos de 65% (há duas semanas) para 70,5%”, afirmou. Gorinchteyn disse que, na sexta-feira, haverá uma nova reclassificação das cidades paulistas no Plano São Paulo, que coordena as regras de restrição durante a quarentena. Com esses índices, a Grande São Paulo entraria na fase laranja do plano, que restringe horários de comércio.
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