Política
01/09/2021 13:49

Eleições 2022: oposição se divide sobre 7 de setembro e parte dos atos fica para dia 12


Por Eduardo Gayer e Sofia Aguiar

São Paulo, 1º/09/2021 - A oposição ao governo Jair Bolsonaro está dividida sobre ir às ruas em 7 de setembro, data em que também haverá manifestações a favor do governo. Embora parte significativa dos adversários políticos do Planalto tenha convocado atos para o Dia da Independência, movimentos que desembarcaram do bolsonarismo preferiram manter seus protestos para o dia 12 de setembro. Além disso, mesmo dentro da esquerda, setores preferiram não convocar a militância, considerando o cenário pandêmico que o Brasil ainda vive.

As manifestações que dizem defender a democracia e pedem o impeachment de Bolsonaro conseguiram aval da Justiça para acontecer no dia 7 em São Paulo, à revelia do governador paulista, João Doria (PSDB). O tucano pretendia separar as manifestações pró e antigoverno, deslocando a oposição para o dia 12. Com a decisão, bolsonaristas e oposição agora devem disputar os holofotes em protestos marcados para terça-feira não só em São Paulo, mas em todo o País.

Os movimentos marcados para o Feriado da Independência já contam com a adesão de várias organizações populares, como a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, além de sindicatos como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Intersindical e Pública. Até o início desta manhã, a Força Sindical não tinha certeza sobre a adesão, mas afirmou à reportagem que reuniões estavam sendo realizadas com outras centrais para alinhar o posicionamento.

Entre os partidos, confirmaram presença o diretório paulistano do PSDB, o PSOL, o PCdoB e o PT. O ex-presidente Lula não estará presente, como mostrou o Broadcast Político.

Apesar de construir, com o nome de Ciro Gomes, uma candidatura anti-Bolsonaro para 2022, o PDT preferiu não aderir oficialmente a nenhuma das datas. "Não fizemos convocatória, cada um é livre na sua decisão", declarou ao Broadcast Político o presidente da legenda, Carlos Lupi. De acordo com a assessoria da sigla, a postura é por motivo de segurança, considerando o cenário da pandemia e haverá participação em outras datas.

Ainda assim, setores ligados ao PDT, como a Juventude Socialista (JS), estarão presentes no dia 7. "A gente indica a participação, mas deixa para cada diretório municipal decidir, considerando as condições sanitárias locais", diz o presidente nacional da JS, William Rodrigues.

A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) também não irá convocar atos para o Dia da Independência e alega questões de segurança. Contudo, ressalta a união de todas as centrais sindicais contra o que classifica de "desgoverno".

Divisão

Já outros setores que se dizem oposição a Bolsonaro, mas estão mais à direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, decidiram marcar presença apenas no dia 12. "Essas manifestações do dia 7 não são de pauta única. Ainda que de forma velada, são base de apoio a pautas de esquerda que não concordamos", afirmou à reportagem o deputado estadual Arthur do Val, conhecido como "Mamãe Falei", um dos líderes do MBL. Setores do NOVO e do PSL também estarão nas ruas nessa data.

Outro representante do MBL, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) entende que o dia 7 é "estrategicamente ruim". "Classe média viaja, seria tiro no pé fazer", afirmou ao Broadcast Político.

São Paulo

Na maior cidade do País, os bolsonaristas vão marcar presença na Avenida Paulista e a oposição, no Vale do Anhangabaú.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Josué Gomes, disse à reportagem que não teme confrontos com apoiadores do governo em 7 de setembro. "As manifestações serão em locais diferentes. Já houve, em São Paulo, ocasiões em que dois grupos fizeram manifestação no mesmo dia", afirmou. Ele espera a presença de 20 a 30 mil pessoas e descarta atos no dia 12. "É a convocação do MBL."

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também descartou presença nos movimentos de 12 de setembro. "A Frente Fora Bolsonaro vai escolher outra data, mais para frente", afirmou ao Broadcast Político.

Contato: eduardo.gayer@estadao.com e sofia.aguiar@estadao.com

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