Política
23/08/2018 10:16

Apoio crescente a Lula nas eleições "enerva mercados", retrata Financial Times


Londres, 23/08/2018 - Com uma foto onde se vê uma pichação na parede "eleição sem Lula é fraude", a versão online do jornal britânico Financial Times ilustra uma longa reportagem sobre o crescimento do apoio no Brasil ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que "enerva os mercados". O texto salienta que as últimas pesquisas de intenção de voto apontam para um possível confronto entre esquerda e direita na eleição de outubro. "As pesquisas eleitorais mostraram uma onda de apoio ao candidato Lula, derrubando o real em meio a temores de que isso possa se traduzir em vitória eleitoral para o partido de esquerda, citado por muitos como o responsável pelo declínio no Brasil", trouxe a publicação, salientando que o petista mantém enorme apoio entre as massas pobres do País.

Embora a condenação de Lula por corrupção possa excluí-lo da votação, o FT ressalta que as pesquisas mostram que ele potencialmente transfere votos suficientes para seu provável substituto, Fernando Haddad. E cita que, antes da ligeira recuperação, o real caiu 5% na terça e na quarta-feira em relação ao dólar. "É provável que a volatilidade do mercado aumente antes de uma eleição que muitos veem como decisiva para o Brasil, a maior economia da América Latina, à medida que luta para emergir da pior recessão de sua história."

Apresentando avaliações de economistas que atuam no Brasil, consultores e analistas de agências de classificação de risco, a reportagem cita uma pesquisa feita com participantes de mercado e que tem Haddad como o candidato "menos preferido" do levantamento. "As últimas pesquisas mostram pela primeira vez o que muitos investidores veem como o cenário de pesadelo: a possibilidade de um confronto entre os dois extremos da política altamente polarizada do Brasil - Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), e o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro." Lula deve ser barrado pelos tribunais e se afastar em favor de Haddad até 17 de setembro, data-limite para os partidos mudarem seus candidatos à presidência.

A publicação também comenta que o próximo presidente precisará implementar reformas críticas, como refrear os crescentes déficits orçamentários do Brasil e reformar seu "dispendioso e injusto" sistema previdenciário. Caso contrário, diz, corre o risco de permitir que a economia caia ainda mais na estagnação.

Há apenas dois anos, lembra o texto, o PT foi desacreditado pelos escândalos de corrupção e pela recessão. Mas está ganhando de volta a simpatia dos eleitores que consideram a prisão de Lula injusta porque seus rivais políticos continuam livres, apesar de também enfrentarem graves alegações de corrupção. Os eleitores da esquerda também são extremamente críticos em relação ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, também do PT, em 2016.

A pesquisa Datafolha mostra que Bolsonaro pode derrotar Haddad no segundo turno. Mas que perderia se enfrentasse os outros principais candidatos - a ambientalista Marina Silva, o candidato do PDT Ciro Gomes e o favorito do mercado, o centro-direita Geraldo Alckmin.

Alckmin, até recentemente governador do Estado mais rico do Brasil, São Paulo, até agora tem ficado para trás nas pesquisas, mas alguns argumentam que é muito cedo para descartá-lo. Em 31 de agosto, os partidos começarão a exibir suas propagandas na televisão. O tempo no ar é concedido com base na parte da coalizão de candidatos no Congresso. Alckmin é de longe o maior, com cerca de 44%. Em seguida, estaria Haddad, com 19%. Isso proporcionará uma poderosa plataforma contra Bolsonaro, que não tem coalizão e que terá de confiar nas mídias sociais. (Célia Froufe, correspondente - celia.froufe@estadao.com)
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