Política
09/02/2024 14:41

Jogo Político: Após ação da PF, bolsonaristas já temem prisão de ex-presidente


Por Por Marcelo de Moraes

Brasília, 08/02/2024 - O alcance da operação deflagrada nesta quinta-feira pela Polícia Federal contra Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados diretos, incluindo militares de alta patente e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, fez com que integrantes do seu grupo político já temam por uma ordem de prisão contra o ex-presidente. Na operação, que investiga o envolvimento dos bolsonaristas nos atos golpistas de 8 de janeiro, a PF foi até a casa do ex-presidente, em Angra dos Reis, para recolher seu passaporte, impedindo sua saída do País. Mesmo não sendo encontrado na casa, Bolsonaro já acatou a determinação e entregou o documento. Aliados do ex-presidente acreditam que pelo conteúdo da decisão que provocou a operação já existe uma espécie de entendimento que Bolsonaro teria participado da elaboração e aprovação de uma minuta que previa um golpe de Estado.

Sem contato - Além de reter o passaporte, a decisão também proíbe o ex-presidente de manter contato com outros alvos da ação de hoje da PF. Logo depois da operação, Bolsonaro reclamou de perseguição política e negou que tenha participado de qualquer tentativa de golpe.

Altas patentes - A operação da PF alcançou militares de alta patente, incluindo ex-comandantes das Forças. Foram alvos os generais e ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio da Silveira, além do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos. Para reduzir o impacto do mal-estar da ação com a cúpula das Forças Armadas, a Polícia Federal informou ontem à noite ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que a operação seria feita no dia seguinte.

Omissão - O senador e general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) aumentou o tom da reação crítica da oposição em relação à ação da Polícia Federal contra os militares de alta patente. O ex-vice-presidente de Bolsonaro fez um forte discurso no Senado e cobrou que os atuais comandantes das Forças Armadas não se omitam diante do ocorrido.

Pressão - “No caso das Forças Armadas, os seus comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem seus integrantes ao largo da Justiça Militar. Existem oficiais da ativa sendo atingidos por supostos delitos, inclusive oficiais generais. Não há o que justifique a omissão da Justiça Militar.
Destaco aqui: nem Hitler ousou isso no começo de sua ascensão ao poder, limpando a área naquilo que ficou conhecido como o caso Fritz, que foi a demissão do então Chefe do Estado-Maior do Exército alemão”, disse o general.

Gritaria - O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), não poupou críticas à operação. Para o líder, há uma tentativa de “exterminar politicamente os opositores” do governo. “O Regime instalado no País, a partir de um inquérito sem precedentes num Estado de Direito, avança ainda mais sobre lideranças da oposição, avança sobre um partido político e sobre, inclusive, membros das Forças Armadas e a própria. Acua, persegue, silencia e aplaca a oposição no Brasil, querendo exterminar politicamente os seus opositores com a mão de ferro do judiciário e a Polícia do Estado. Agoniza a democracia brasileira”, protestou Portinho.

Contra-ataque - Dono da maior bancada de deputados e com um número expressivo de senadores, o PL já discute internamente adotar uma postura de atrapalhar as próximas votações no Congresso como protesto pela ação da Polícia Federal. Com 96 deputados e 14 senadores, o PL tem força suficiente para impedir votações importantes. Mas esse poderio se dilui significativamente se houver interferência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem ascendência sobre uma parcela entre 20 e 30 deputados do PL que integram o grupo do Centrão.

Barata voa - Membros do PL disseram à Coluna que a reação de protesto é possível e pode receber a adesão de outros parlamentares bolsonaristas do que são de outros partidos, como Novo, Republicanos e União, por exemplo. Mas lembram, em caráter reservado, que a situação ainda está muito recente e que nada será votado no Congresso até a volta do feriado do Carnaval. Então, essas articulações de reação ainda serão bastante discutidas.

Fator Lira - Com Arthur Lira em rota de colisão com o governo, o protesto do grupo bolsonarista pode até pegar tração extra. Do lado governista, existe a expectativa que a relação com Lira melhore, com a reabertura de diálogo sobre a execução orçamentária e a liberação de emendas que estão represadas. Quanto ao PL, os líderes governistas lembram que nunca contaram com a bancada bolsonaristas, mas têm conseguido sempre receber votos de dissidentes de dentro do partido. Existe a avaliação de que há parlamentares que dependem muito de parcerias com o governo da vez para fazerem suas políticas regionais. Esse grupo é visto como sendo indiferente às crises decorridas por disputas ideológicas ou por investigações.

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