Política
23/06/2017 06:55

Imbassahy diz que Temer está "sereno" diante de eventual denúncia da PGR


Oslo, 23/06/2017 - O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que integra a comitiva do presidente Michel Temer na viagem à Europa, afirmou que o peemedebista está "sereno" diante da eventual denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentará contra ele. Ontem, o ministro relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, tornou disponível uma cópia digital dos autos do inquérito aberto contra Temer para a Procuradoria-Geral da República o que, na prática, abre um prazo de cinco dias para que o órgão apresente a denúncia contra o peemedebista.

Em Oslo, Imbassahy pediu também pediu para que a Polícia Federal remeta, "tão logo ultimados", o relatório final sobre o caso e a perícia feita da gravação da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, do Grupo J&F. A PF havia pedido um prazo extra de cinco dias para concluir as investigações. Para economizar tempo, Fachin determinou que, assim que a PF enviar os documentos faltantes, o conteúdo deverá ser automaticamente remetido a Janot.

"Vamos esperar e, se sair a denúncia, veremos os autos para tomar as medidas", destacou Imbassahy. O ministro não acredita que o processo possa atrapalhar as votações em curso no Congresso Nacional. "Tivemos isso com a Odebrecht e tudo que tinha de ser votado foi votado", argumentou.

Em seu pronunciamento, Temer voltou a mencionar o fato de que tem "muito apoio do Congresso Nacional" para realizar suas reformas e que o "suporte" do governo é o "diálogo". "As instituições funcionam com regularidade extraordinária e liberdade extraordinária", disse. "A democracia é algo plantado formalmente pela Constituição e praticada na realidade", insistiu. "Não é sem razão que as medidas tomadas são amparadas pela Constituição, prestigiadas e incentivadas pelo governo", afirmou.

Contudo, ao falar com a imprensa brasileira de forma separada, o peemedebista não comentou a possibilidade da denúncia da PGR e disse que apenas falaria sobre sua agenda na Noruega.

Gafe. Em uma coletiva de imprensa ao lado de Temer, a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, não poupou críticas à corrupção no Brasil. O brasileiro, durante sua fala, garantiu que a democracia está "plantada" e as instituições funcionando com "liberdade". Mas cometeu uma gafe ao dizer que iria se reunir ainda nesta sexta-feira com o rei da Suécia. Ele estará com o monarca norueguês, Harald V.

"Estamos preocupados com a Lava Jato e é preciso fazer uma limpeza e encontrar uma solução" disse a chefe do governo norueguês, lembrando que o Brasil vive um período "desafiador" e de "turbulência". Oslo investiga empresas locais que são suspeitas de terem feito pagamentos de propinas para ex-diretores da Petrobras, entre eles Jorge Zelada, da cota do PMDB dentro da estatal brasileira. No total, quatro contas já foram bloqueadas na Suíça.

"É o pensamento dela. Nós respeitamos", disse Imbassahy, insistindo que não ouviu a primeira-ministra da Noruega falar em Lava Jato. "Ela não falou de Lava Jato", reiterou.

Clima. Além de cobrar soluções sobre a corrupção, Erna Solberg deixou claro que está "preocupada" com o desmatamento no Brasil e com as "forças que querem reduzir" a proteção ambiental no País. Ela confirmou que, diante da situação, haverá um corte do envio de dinheiro de Oslo ao Fundo da Amazônia, no valor de quase R$ 200 milhões. "Haverá um menor pagamento em 2017", disse.

De acordo com ela, Temer "escutou" as preocupações do governo norueguês. "Esperamos que ele possa atuar", disse.

Temer, por sua vez, voltou a insistir nas medidas tomadas pelo governo. Mas precisou de ajuda dos ministros para se lembrar do nome do parque nacional que foi ampliado em seu governo. Segundo ele, medidas que reduziriam áreas de proteção foram vetadas.

Depois, aos jornalistas brasileiros, ele minimizou o corte de recursos para a proteção ambiental. "Eles colaboram enormemente para o Fundo Amazônia. As explicações dadas por mim e pelo ministro (Sarney Filho), ficou muito claro uma revisão desses aspectos", completou. (Jamil Chade, enviado especial)
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