Política
05/04/2018 18:47

Azevedo e Silva/Estado-Maior do Exército: Exército faz parte da solução e jamais dos problemas


Brasília, 05/04/2018 - Em sua fala aos 36 novos oficiais-generais recém promovidos, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Fernando Azevedo e Silva, reconheceu que "vivemos dias difíceis e conturbados", disse que "no cenário atual, a prerrogativa evidente e inegociável é o respeito à Constituição", salientou que "a educação democrática também passa pelos quartéis" e assegurou que "o Exército sempre faz parte da solução e jamais dos problemas".

Seu forte discurso foi feito dois dias depois de se instalar uma enorme polêmica no País, por conta das declarações do comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, que na véspera do julgamento do habeas-corpus impetrado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal, afirmou que repudia "a impunidade" e que o Exército está "atento às suas missões institucionais".

O Twitter do comandante foi entendido como pressão sobre o STF para negar o HC a Lula, o que os militares negam. Nesta quinta-feira, durante a cerimônia, o general Villas Bôas preferiu se resguardar, deixando o discurso por conta do seu segundo, na hierarquia da Força. Depois de citar que "a séria crise que o País enfrenta maximizou o papel das Forças Armadas como pilar de sustentação da democracia e da unidade nacional", lembrando que "a presença do soldado continua a ser sinônimo de estabilidade e cumprimento de missão", o general Fernando afirmou que "o Exército é uma instituição de Estado, apartidária e sem tendência política" e reiterou que o respeito às leis "são fundamentais para permitir o império sereno da ética e da moralidade, a estabilidade da democracia e a prevalência dos valores da República".

Ao fazer um histórico do compromisso da força com a Nação Brasileira, que remonta a Batalha de Guararapes, em 1648, que registrou a origem do Exército, o general listou ações que vem sendo desenvolvidas desde então, chegando aos dias de hoje. Narrando período a período, o general prosseguiu lembrando que "neste conturbado século" os militares, que "nunca se furtaram ao chamamento da sociedade", foram convocados "em momentos de grave crise" e chega até à intervenção federal no Rio, que chamou de "difícil e inesperada missão".

Segundo o chefe do EME, os militares têm recebido e solucionado "demandas de toda espécie, muito além de suas tarefas constitucionais, a saber: grandes eventos, missões de paz, socorro a calamidades, segurança eleitoral, defesa do meio ambiente, entre inúmeras outras". Na sua fala, o general fez questão de enumerar que, somente no ano de 2017, o Exército conduziu 1.027 operações policiais na faixa de fronteira, 45 missões de Garantia da Lei e da Ordem, 26 operações de varredura em presídios, assim como distribuiu água e construiu cisternas em 816 municípios do semiárido nordestino, beneficiando mais de 4 milhões de habitantes daquela região.

Por fim, após citar as duas últimas missões "impostas ao Exército, no alvorecer de 2018", se referindo à acolhida aos milhares de imigrantes venezuelanos, e intervenção federal no Rio, "tudo isso, sempre com um General à frente, pois não delegamos responsabilidades e esse é o nosso diferencial", o chefe do Estado Maior do Exército apresentou uma reivindicação que tem sido, a cada dia, mais frequente, na categoria: a necessidade de melhoria salarial da categoria.

O general Fernando ensinou aos novos generais que eles devem "mostrar aos seus comandados que nós, Chefes Militares, estamos voltados, sobretudo, para nossos principais desafios: cumprir as missões que nos forem confiadas, dispor de um orçamento compatível com as servidões da Força Terrestre e lutar por uma urgente reestruturação da carreira militar, merecedora de salários dignos e nivelados às demais carreiras de Estado".

As falas do generais que têm postos de comando têm sido usadas para acalmar a tropa, principalmente a reserva e evitar que surjam vozes esporádicas e isoladas, fora desta cadeia de comando, apresentando suas queixas e insatisfações, que representariam uma quebra do princípio básico da hierarquia e disciplina.

Por isso mesmo, as declarações de Villas Bôas e, agora, as do general Fernando, foram bem recebidas, até mesmo no PLanalto, que entendeu as dificuldades que estão sendo enfrentadas pelos comandantes. Apesar de parecer que as falas servem para inflar o momento político, o efeito real é exatamente o contrário.

Na saudação ao novos generais, nesta quinta, o general Fernando lembrou ainda que todos os dias os comandantes tentam incutir em todos "sem exceção, os valores verde-oliva", acrescentando que esse "é nosso maior trunfo e de onde vem nosso alto índice de credibilidade perante a sociedade brasileira".

Nesta linha, o general Fernando fez questão ainda de elogiar a figura do patrono da força, Duque de Caxias, que "foi um estadista por vocação, um exemplo de cidadão, soldado e político" e elogiou que chamou de seu maior feito: "pacificar vencedores e vencidos para consolidar a ainda jovem nação brasileira".

E lembrou que nas escolas de formação de oficiais, entenderam a profecia de Camões: "A disciplina militar prestante não se aprende, Senhor, na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando, senão vendo, tratando e pelejando". Por fim, recomendou aos generais de brigada recém-promovidos que sigam "cultivando o exemplo como sustentáculo maior da liderança", que "façam da constante presença a mola propulsora da motivação constante e da dedicação integral de seus comandados" e, "em relação a superiores, pares e subordinados, jamais esqueçam de um mágico atributo, que só funciona em mão dupla: a lealdade", já que não podem se esquecer de que "não foram formados generais, foram formados soldados". (Tânia Monteiro)
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