Rio, 01/02/2018 - O governo Temer está sofrendo retaliação do Judiciário por tentar aprovar a reforma da Previdência, afirmou hoje o ministro da secretaria de Governo, Carlos Marun, em discurso a empresários. Segundo ele, o presidente Temer está "em meio a uma crise do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF)" e que tem sido muito corajoso em enfrentar a situação.
"Hoje o governo Temer é retaliado por setores do Judiciário por estar propondo essa reforma da Previdência. Ou tem cabimento o juiz não saber ler o artigo 84 inciso 1 da Constituição que estabelece que nomear ministro é prerrogativa do Presidente da República?", questionou, referindo-se à demora da nomeação da deputada Cristiane Brasil (PTB) para o Ministério do Trabalho, que está suspensa pela Justiça.
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmen Lúcia, suspendeu no dia 22 de janeiro a posse da deputada, após processo movido por advogados por conta de ações trabalhistas perdidas por Cristiane na Justiça.
Questionado se o aspecto moral não suplantaria o aspecto legal da nomeação no caso da deputada, Marun argumentou que não conhecia nenhum empresário que não tivesse perdido ações trabalhistas. Para reforçar sua tese, Marun se dirigiu à vice-presidente de marketing da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Rozane Braga, perguntando se ela já não tinha perdido várias ações trabalhistas, no que foi imediatamente desmentido pela empresária. "Nunca perdi nenhuma", disse, para surpresa de Marun: "Então é a primeira que conheço", disse, sem graça, o deputado.
Mais cedo, Marun havia atacado, sem citar nomes, o juiz Marcelo Bretas, ao comentar sobre o vídeo feito por Cristiane Brasil, ladeada de homens sem camisa em um barco para defender sua nomeação ao ministério. "Moral é ter dois auxílios moradia para quem vive em casa própria?", ironizou referindo-se ao Bretas, que entrou na Justiça para ganhar o benefício apesar de sua esposa receber o auxílio e morarem em casa própria. Apesar da resistência à nomeação da deputada, Marun afirmou que não existe plano B e que ela tomará posse. (Denise Luna - denise.luna@estadao.com)
