Política
31/10/2017 07:50

Marcha do MTST "Povo sem Medo" sai de SBC até o Palácio dos Bandeirantes


São Paulo, 31/10/2017 - Militantes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) iniciaram uma caminhada por volta das 6h45 de terça-feira, 31, de cerca de 20 quilômetros, de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, até o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, zona sul de São Paulo. De acordo com o coordenador do movimento, denominado "Povo sem Medo", Guilherme Boulos, cerca de 5 mil pessoas devem participar da marcha. "É uma forma de cobrar do governo a desapropriação desse terreno (em SBC) e o cumprimento de políticas habitacionais", declarou ao Broadcast Político. "A gente só sai do Palácio (dos Bandeirantes) hoje com resposta", disse no palanque antes da saída.

Para as 13 horas, está marcado um encontro com apoiadores na estação Morumbi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), no qual Boulos calcula que devem se juntar mais 10 mil apoiadores de outras ocupações da zona sul de São Paulo e de cidades da Grande São Paulo, como Taboão da Serra. Para a véspera da caminhada, às 19 horas, estava prevista a realização de um show do cantor Caetano Veloso, que foi barrado após decisão judicial emitida na tarde de segunda-feira, 30.

Presente no ato, o vereador Eduardo Suplicy (PT) dormiu no local. "O Guilherme (Boulos) me convidou para passar uma noite há cerca de um mês. Achamos que essa seria a data ideal, por ser depois do show. Foi um gesto de apoio", comentou. "Foi uma noite curta. Ouvi os foguetes por volta das 5 horas, mas dormi mais uma meia hora", comentou o vereador, que, assim como em outras ocasiões, cantou um trecho de "Blowin' in the wind",de Bob Dylan.

O ato saiu de um terreno de 70 mil metros quadrados no bairro Planalto, ocupado pelo movimento desde o início de setembro. Segundo a organização, o espaço está ocioso há cerca de 40 anos. Para levantar o número participantes, a organização distribuiu fichas, que devem ser devolvidas no fim da caminhada.

Dentre os militantes, estava a costureira Lucicleide Campos Duarte, de 48 anos, que participa da ocupação com o marido desempregado, a filha de 10 anos e duas irmãs. É dela a única fonte de renda da família, de R$ 1.500, que utiliza também para bancar os remédios do filho de 19 anos, portador de epilepsia. "Sou de Diadema, mas agora eu vou ser de São Bernardo, eu tenho fé", comentou.

Com uma placa de isopor e arame escrita "Eu não aguento mais pagar aluguel", o segurança Adilson Teles, de 48 anos, baiano de Poções, há 19 anos em São Paulo, disse que estava participando para ajudar a sua cunhada com as crianças. "Acabei ficando, foi o destino. Quando a gente está lá fora, a gente tem uma visão diferente de São Paulo, que aqui é mais fácil de conseguir as coisas", comentou, ressaltando que ficará no movimento até obter sua casa.

A metalúrgica desempregada Jaqueline Severina da Silva, de 27 anos, vai participar da caminhada mesmo estando com oito meses de gestação de Emanuelly Sophia. "Ela vai nascer de parto normal de tanto eu andar na ocupação", comenta, alegando que pretende passar parte do trajeto nos dois ônibus disponibilizados pelo movimento para quem precisar descansar. (Priscila Mengue)
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