Economia & Mercados
04/01/2022 10:04

Especial: Votorantim e CPP avançam no plano de consolidação de ativos


Por Luciana Collet

São Paulo, 03/01/2021 - Após conquistar uma série de aprovações necessárias, a Votorantim S.A. e o Canada Pension Plan Investment Board (CPP Investments) avançam no plano de consolidação de seus ativos de energia no Brasil, visando posicionar os grupos entre os principais players do setor no País, especialmente no segmento de energias renováveis, um mercado que tende a passar por significativa expansão ao longo dos próximos anos, e na comercialização de energia, que também deve passar por transformação expressiva no futuro próximo.

Um acordo definitivo de investimento entre Votorantim e CPP foi assinado na última quinta-feira, 30, mesmo dia em que os sócios obtiveram a aprovação para a operação das autoridades antitruste da Turquia. Anteriormente, a Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e autoridades antitrustes da União Europeia já tinham concedido o mesmo aval. Conforme informaram ao mercado, agora a conclusão da transação depende de manifestação do BNDES, o que é esperado para ocorrer até meados de janeiro, permitindo, assim, o fechamento da primeira parte da operação o início de fevereiro, conforme informado ao mercado.

Nesta etapa, será feita a consolidação de determinados investimentos, incluindo ativos e caixa, para a joint venture entre as duas empresas VTRM. Entre os ativos que deverão ser integrados estão as participações acionárias na Cesp, ativos eólicos, participações acionárias da Votorantim Energia em ativos hidrelétricos e a Votorantim Comercializadora de Energia (Votener), além de projetos de expansão em desenvolvimento. O CPP Investments fará um investimento de R$ 1,5 bilhão na VTRM.

Para o desenho em definitivo do negócio faltará, ainda, a aprovação de acionistas da Cesp e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já que a segunda parte da operação envolverá a reorganização societária da Cesp, com a incorporação da totalidade das ações de emissão da companhia pela VTRM, que deverá terá seus papéis listados no Novo Mercado. A proposta de incorporação será avaliada pelos acionistas da Cesp após a conclusão dos trabalhos de comitê especial independente criado para avaliar a operação. A expectativa da empresa, anteriormente informada ao mercado, é de que essa aprovação ocorra "em algum momento no primeiro quadrimestre de 2022".

No desenho final, a operação resultará em uma empresa avaliada em R$ 17 bilhões, com capacidade instalada de 3,3 GW, especialmente hídrica e eólica, e receita líquida estimada em R$ 5,8 bilhões (com base em resultados de 2020). Além disso, a empresa deterá projetos de expansão que combinam fontes hídrica e solar, bem como soluções híbridas, totalizando 1,9 GW.

A nova empresa nasce com foco em crescimento, com mandato para construir e adquirir ativos de geração de energia limpa, atuando como potencial consolidadora no pulverizado segmento de geração. Além de projetos solares e eólicos, interessam também novas soluções e tecnologias voltadas para a descarbonização da matriz energética e processos industriais, informaram anteriormente os grupos. A empresa pretende atuar tanto no mercado regulado como no livre, onde também se posiciona como uma comercializadora integrada. Em linha com outros grandes grupos do setor, a Votener também tem avançado na digitalização da comercializadora, um processo que deve se acelerar após a consolidação.

Diante da concentração de ativos da Cesp na fonte hídrica, a reorganização societária tem sido vista de maneira positiva pelo mercado financeiro por sua diversificação, que permite redução do risco hidrológico dentro da companhia, além da melhora da governança, já que a empresa será listada no Novo Mercado.

"Considerando a transação pro forma, a VTRM reduzirá sua exposição à hidrologia e ganhará escala e diversificação por meio de uma capacidade instalada de 3,3 gigawatts (GW; 70% dos quais é capacidade hidrelétrica e 30% eólica) e um pipeline de projetos novos, principalmente de geração solar, totalizando 1,9 GW, que devem começar a operar entre 2023-2026. No entanto, esperamos que a CESP continue representando a maior parte do fluxo de caixa da VTRM no curto prazo, visto que os ativos eólicos da VTRM ainda estão em fase de ramp up", comentou anteriormente a S&P.

Contato: luciana.collet@estadao.com
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